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Cartas-->Amor Proibido -- 01/03/2008 - 10:19 (Agostinho M. da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vida minha,
Manhã de sábado, tristonha e fria! Com saudades explodindo no meu peito; resolvi expor minhas angústias e a solidão bramida, que é notória, e não posso esconder.
Todos sabem que sou um ser solitário e convicto.
Pensava um dia sair desse isolamento que a vida e o casamento me impuseram, mas mesmo fazendo o impossível, não me foi dado o direito de mudar o destino.
Mesmo quando numa multidão, essa solidão não me deixa. O que fazer? Perguntei a um amigo? Ele me passou um texto em que Nietzsche escreveu a sua solidão:
“Ó solidão”! Solidão, meu lar! Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhávamos juntas através de portas abertas. Pois onde quer que esteja, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.
Ali as palavras e os tempos poemas de todo o ser se abrem diante de mim. “Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.”
E depois cita o grande Vinícius de Moraes no poema “O operário em construção”.
Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via; nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah”! Homem de pensamento, não saberá nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário.
E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.
Agradeci ao conselho e descobri em Rainer Maria Rilke que escreveu o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em vate.
E Drummond o grande poeta quando descrevia Cecília Meireles:
“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília.
Agradeci ao amigo por essas lembranças, e, é assim que sinto quando danço ou em festas com amigos.
Participo de tudo dentro das relações gregárias da delicadeza, que como diante de uma roleta a vida nos obriga a jogar, sem sentir o gosto do ganho ou da perda.
Estou sempre longe, mesmo radiante com os olhares voltados para mim. Não consigo sair dos braços irremediáveis da solidão e das minhas fantasias.
O enredo da minha vida, sempre foi o queixume da ausência de carinhos dos familiares. Queria uma chance de ser feliz na família e parar de fingir uma felicidade por onde andava irradiava. Foram muitos anos de tristezas, saudades e solidão.
Então numa noite de verão, surge você acompanhada de um amigo e de uma amiga. Logo meus olhos se iluminaram e minha solidão ciumenta, deixou-me e ficou a espreita, esperando que logo aquela luz que havia se apagaria.
Dançamos naquela noite e em outras, embalados e embevecidos de ternura e carinhos.
Os desejos afloraram nossas almas, e não tinha como negar que minha solidão estava longe.
Se fizéssemos sexos eu sabia que tudo acabaria. Tentei manter aquele desejo distante dos nossos corpos. Mas não tinha como fugir da cama!
Mas agora dentro da lucidez dessa manhã chuvosa onde as cortinas dos céus por vezes deixam à luz do sol mostrar sua cara, resolvi escrever essa carta.
Aqui está o filme da minha vida. Roguei aos céus por muitos anos o carinho e atenção da família e essa dádiva chegou me envolvendo.
Minha solidão não era mais minha amiga, tinha outra pessoa ao meu lado dando tudo que sonhei, e exigindo duplicidade.
Não sei trair quem eu amo! Sou obrigado a assumir e confessar que não quero que as pessoas que amo, sejam infelizes.
Assim, renuncio o direito de te amar. Meu amor por você é imenso e não quero sua infelicidade, mas é notória que uma relação de muitos anos, deixou marcas que nunca serão removidas.
Você é jovem, bonita e não faltarão pretendentes apaixonados por sua beleza única.
Quero sua amizade, seu ombro amigo! Mas sou covarde em não querer uma vida de promiscuidade de sentimentos.
A saudade sufoca, e o peito apertado na falta de ar, grita sua falta, e a necessidade de um encontro, para adejar de mim sua ausência, num romance complicado que a insensatez nos faz querer. E, nos entregarmos com toda intensidade, como nunca fizemos e se fará.
Será que me entendeu? Será que compreenderá?
Quero mandar as favas todas às barreiras, todos os preconceitos! Mas diante dessa roleta que é a vida sinto que a felicidade em mim é escrever minhas fantasias, sem nunca abandonar a inquietude do amor e da solidão.
Abraços e beijos desse amor desejado, proibido, e humanamente impossível.

Fim.
Sabe?
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