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Humor-->Armênio, Judeu, mas ... -- 13/12/2008 - 19:03 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Declarar-me um Sujeito Sortudo foi uma opção da qual jamais me arrependerei até ontem. Tenho milenar origem turca – provavelmente armênia, a crer no meu ouvido entupido de cera –, porque foi de lá que vieram os Magalhães. Já ser judeu constitui uma questão teologicamente cacete.

Uma das minhas avós paternas tinha o sobrenome Mendel e há quem jure que os Wernecks, do meu lado materno, com o seu sutil e suspeito nariz aquilino, também o são, o que fecha o meu diagnóstico, isto é, caracteriza a minha herança biológica - e quiçá o meu destino. Admitamos porém, só para evitar polêmicas (esta não é minha praia), que esse fato não proceda.

Seria o meu antepassado Mendel judeu o suficiente para ser rotulado de semita? Eu e o meu comparsa e amigo rabino - cuja principal virtude é contar-me, às escondidas, anedotas da etnia judaica - temos dúvidas que parecem bastante razoáveis. A mim (não a ele), pois as pernas tortas que herdei de meus retos antepassados me proibem de afirmar o que quer que seja de pés juntos.

Como preliminar, caberia talvez lembrar aqui que o assunto já foi objeto de exame há cerca de 40 anos, quando o Afonso, meu falecido irmão, falhou amargamente na tentativa exdrúxula de integrar, com a patente de coronel-do-ar, o exército israelense em 1967.

Segundo ele – que não era, então, tão-tão-tão mentiroso quanto eu me tornei por questão de estilo –, o motivo da sua marcial rejeição teria sido a não-comprovaçao do seu “pedigree” judaico. Explico: os funcionários do consulado israelense teriam concluido que o fato de ele (como eu) ser(mos) descendente(s) de um judeu fálico, sem a possessiva mãe judia no meio, o desqualificava inapelavelmente como tal, mesmo que fosse circunciso!

Então, a não ser que os critérios político-teológicos vigentes no estado de Israel tenham se modernizado, também eu seria reprovado. E esta não é, como pode parecer aos “desatentos” dos meus leitores uma questão trivial. Por exemplo, de acordo com os filmes que asssisti, a comunidade judaica contava, durante o domínio nazista na Europa no século passado, com um rede de segurança que às vezes até funcionava. Mas será que ela também acolhia tipos etnicamente dúbios como este sujeitinho aqui?

Creio que não e, neste caso contrafactual, eu me veria no pior dos mundos (como se isso fosse possível!) – perseguido pelos nazistas e rejeitado pelos primos judeus. O que seria um situação claramente absurda, ainda que possível, pois a lei de Murphy foi formulada, de acordo com o meu conhecimento enciclopédico, a partir da minha própria experiência de vida. Invejável! Invejável!

O mais irônico dessa situação é que eu me posiciono, como ateu ecumênico de fé inquebrantável, simultaneamente a favor e contra todas as religiões existentes, inclusive a do Taxaísmo – que eu próprio tive o desplante de criar num suspeito rasgo de misticismo, que, ouvi dizer, impressionou para todo o sempre até o Big Baby Bush.

Uma coisa, porém, é certa: em nome da paz mundial, os meus prezados primos judeus bem que poderiam, depois da tragédia por que passaram no século XX (o mais civilizado de todos?!), dar um importante passo em direção à concórdia definitiva com os nossos primos gentios – inclusive e principalmente os pobres dos árabes, especialmente suas mulheres mutiladas sexualmente –, que, coitados, breve nem terão mais petróleo para beber!

Se não o fizerem, dia virá que o resto da humanidade – isto é, os não-semitas – pode acabar chegando à conclusão absolutamente equivocada, claro, que todos nós, semitas, somos ou lunáticos ou selenitas!

Dica: reescrevam a Bíblia Hebraica, deletando (basta um toque no teclado!) aquela estória absurda de Ismael, o suposto precursor dos atuais povos árabes, ter sido gerado por Agar – uma suposta serva ou escrava egípcia de Abraão ou Sara (sua legítima esposa), que só resolveu abrir mão de sua esterilidade aos 90 anos, para dar à luz a Isaac, o meu saudoso tio gaúcho.

Ora, para qualquer pessoa de bom senso esse milagre de Sara é um atentado ao bom-senso! Isso porque é muito pouco provável que Agar fosse uma escrava egípcia, pois o Egito era, à época, uma região muito mais adiantada e próspera que a mirrada tribo que Abraão trouxera de Ur, que se situaria hoje ao sul do Iraque – perto de Basra, para ser mais preciso. (Se Abraão conhecesse as reservas provadas de petróleo dessa região, creio que ele nunca teria emigrado de lá, esperto como um armênio que nem eu!).

Mais crível seria o oposto, isto é, que Sara fosse escrava de Agar! Ou teria sido por mero acaso que, mais tarde, os judeus tornaram-se escravos no Egito? Além disso, sempre foi depreciativo considerar alguém filho de escravo (pior do que ser “filho de padre” no Brasil). Não por outra razão, atribui-se a Jesus e ao Buda ascendência real! Muito justo!

Em suma, desprezar “o outro”, os vizinhos, como “bárbaros” constitui, do ponto de vista antropológico e cultural, uma atitude muito primitiva e, em termos históricos, simplesmente errada! Pior: nem mesmo pessoas bem-intencionadas e beatas (como eu) ousam desafiar esse provável absurdo – e dele até lançam mão para justificar matanças em pleno século XXI! Chega! Paz! Paz! Paz!

Razão pela qual me declaro - além de Sortudo - contra o estado de Israel. E por quê? Ora, quando eu estudava na Londres na década de 70, caiu-me às mãos certo dia um livro escrito por um tal de Theodor Herzl. Essa obra tratava da criação de um estado judaico na atual Palestina. Na maior cara-de-pau, o seu autor argumentava, imagino que para angariar apoio político por parte dos países europeus e dos EUA, que o novo país serviria, como uma luva, para apoiar os interesses econômicos, principalmente petrolíferos, desses pobres e carentes países na rica região do Oriente Médio.

Claro que os judeus mais ortodoxos agitam bandeiras de teor mais cultural e não menos alucinadas. Tipo: aquela terra nos foi prometida por Deus-Jeová. Faria mais sentido se tivesse havido uma decisão de retornarem a Ur, onde tudo começou! Mas, tivesse isso ocorrido – o que felizmente não foi o caso –, por certo já teria havido uma 3ª., 4ª., senão 5ª. guerra mundial no século passado, pois o Sadam também nunca foi flor que se cheirasse.

E essa “conversa para boi dormir” de Israel, teocrático como o Irã, considerar-se um estado democrático – o único da região? Nessas circunstâncias, onde fica a sua credibilidade e viabilidade? Só pode ser em cima de bombas atômicas!

Aliás, desculpe interromper, mas está na hora do meu comercial: também tenho algumas para vender!!!


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