Usina de Letras
Usina de Letras
140 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50629)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3306)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Humor-->Falta de Educação Vaza Até no Supermercado -- 14/12/2008 - 22:47 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nesse dia, estava eu curtindo umas comprinhas num supermercado qualquer do Lago Sul. Talvez fosse cedo, pois não havia fila de consumidores ansiosos para pagar e logo debandar em direção a compromissos tais que redundassem em geração – e não em gasto – de renda. De repente, tropecei em Keynes, que, nervoso, pregava em altos brados:

“Gastem, gastem! Aqui o pessoal quer é emprego – se possível, no Judiciário ou no Legislativo, que pagam salários japoneses – e não pode se dar ao luxo, portanto, de esperar até que o modelo, se estável for, encontre o seu equilíbrio num hipotético futuro. Dele, que o Sempiterno cuide – e dos nossos netos também!”

“Olhem em volta e vejam quanta gente está desempregada. Cuidado, alguns são barbudos. Quem sabe, andam visitando o site do PT! De repente, sabe lá, eles se juntam em Trafalgar Square e mandam a monarquia para as cucuias. Vocês leram os autores errados – Ricardo, ao invés de Malthus! O reverendo é que estava certo!”

Como fossem parcas as minhas compras, habilitei-me à fila dos fregueses com até dez itens a pagar. O fato concreto (e não a sua versão, que, como se sabe, é o que prevalece em toda parte) é que, ao me aproximar da operadora do caixa, tive a nítida impressão de que ela fazia um comentário a meu respeito com um rapazola.

Para não dar bandeira, decidi fingir que o assunto não me dizia respeito. Enquanto, porém, ela apresentava as minhas compras a um dispositivo acoplado ao microcomputador, notei que a moça tinha um bom astral e acabei vacilando na minha desconfiança inicial – que, súbito, virou confiança. Indaguei-lhe, então (mui discretamente, para evitar eventual interpretação maliciosa), se havia algum problema – se o coroa aqui estava lhe criando algum tipo de constrangimento.

“Mas que nada”, respondeu ela (fazendo soar pelo meu cerebelo adentro e desfilar, diante dos meus olhos, Jorge Ben ao violão), exibindo uma saudável dentição. Certamente melhor do que a minha, tantas são as minhas soturnas obturações. Que, para não ofender o senso estético dos passantes, faço questão de cuidadosamente esconder dentro da minha boca. (Por isso é que aprendi a não só comer, como até a falar de boca fechada). E aí ofereceu-me ela a seguinte explicação: das quatrocentas pessoas que ela cumprimentava, a cada dia, na fila do caixa, não mais do que a metade lhe retornava a saudação. Que vexame! Ainda bem que, distraidamente, eu o fizera!

Mas o assunto tinha tudo para morrer ali. Contudo, mal sabia ela que quem lhe falava era um economista, cujos instintos aritméticos ela havia despertado – o que é bem melhor do que me despertar os piores instintos – e que se interessava (ele) também por metáforas, além de números, como o Delfim. Com esse tipo de curiosidade ansiosa para escapar-me do gogó, mas, de novo, com muito jeito, indaguei-lhe de que forma havia ela chegado àquele mais que preciso total de quatrocentos pessoas. Ou seja, eu desejava conhecer a metodologia de cálculo por ela empregada.

Com paciência oriental (cada vez mais rara por estas e aquelas bandas), ofereceu-me ela a explicação que qualquer pessoa de bom senso deveria ter logo sacado – exceto os economistas, ou eu, que, afinal, não sou tão economista assim. O número em questão não passava de uma maneira simbólica de se expressar. De repente, poderia haver um discreto desvio de cinqüenta por cento para mais ou para menos. Nível de arredondamento que o saudoso Fábio de Cicco, do Ipea, considerava perfeitamente aceitável – para horror do Bizarria, cuja resposta incluía sempre a terceira decimal Isso, à falta de maquininha de cálculo! Preciso, urgente, expropriar-lhe a memória!

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui