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Cronicas-->Tristes letras fadadas ao desamparo da orfandade -- 09/09/2015 - 12:47 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Tristes letras fadadas ao desamparo da orfandade

Carlos Lúcio Gontijo

          Não consigo sequer imaginar o mundo que serácute; encontrado por meus netos diante do avanço do individualismo e do radicalismo, que sabidamente nunca representaram (nem representam) solução para qualquer questão de cunho social. Jácute; faz tempo que a era da competição se esgotou, convidando-nos a entrar no tempo novo da cooperação e do compartilhamento.

          Desde o ano de 1977, produzi 18 livros e duas segundas edições. Por ser um trabalho literácute;rio independente, pude montar um site com toda a minha obra, disponibilizando aos navegantes da internet meus livros, artigos jornalísticos, fotos, poemas em PPS, vídeos, poemas musicados etc., que estácute; no ar desde 5 de junho de 2005.

          Preocupado com o acervo literácute;rio construído, passei a observar se haveria alguma entidade séria que pudesse interessar-se pela guarda de minha obra, após o cumprimento de minha missão no plano da vida terrena e, lamentavelmente, até esta data nada detectei capaz de me proporcionar alguma tranquilidade, ainda que mínima, nesse nosso Brasil entregue à falta de memória e ao esquecimento que o descaso oficial em relação à cultura impõe à nossa gente.

          Preocupa-me nos dias de hoje o avanço do forte apelo promocional da indústria de entretenimento, que colocou a cultura de raiz como segmento distante da oferta de lazer voltado exclusivamente para a diversão em seu estado puro. Ou seja, qualquer produto cultural que leve o ser humano à reflexão, retirando a pessoa de sua ácute;rea de conforto, estácute; fora da cesta bácute;sica da política cultural empresarial, que através da Lei Rouanet tem o controle do que pode ser alvo de patrocínio ou não, segundo os interesses do capital, que obviamente deseja a fácute;cil (e rácute;pida) obtenção de extensa visualização de suas logomarcas e produtos pelo grande público. Daí a exigência de investimento em projetos culturais palatácute;veis, geralmente descartácute;veis, como se fossem uma espécie de brinquedo logo esquecido pelas crianças que a ele acessam.

          Os autores independentes vivem o tormento da preocupação com o futuro de seus trabalhos, aos quais são visceralmente ligados, pois sabem que sua palavra os tem como principais e, na maioria das vezes, únicos divulgadores. Como exemplo, gosto de citar o poema “Minha BH interior”, ao qual passei a divulgar assim que o criei, pois vi nele determinada importância e significado para os belo-horizontinos e todos os mineiros que amam a sua capital – Belo Horizonte.

          Pois bem, além de editar aquele poema em dois de meus livros, passei a postácute;-lo em mensagens na internet e, assim, os versos foram ganhando espaço, até o ponto de ser usado, espontaneamente e sem qualquer jogo de influência, em campanha publicitácute;ria da Associação Brasileira de Agências de Viagem (ABAV-MG), por ocasião dos 116 anos de BH; fixado em painel de fotos antigas do estabelecimento comercial “Espeto & Prosa” e declamado pelo jornalista José Lino Souza Barros, no programa Rácute;dio Vivo da Rácute;dio Itatiaia, em 2014, quando a capital de todos os mineiros fez 117 anos.

          Não possuem os autores independentes a chancela de um selo editorial, que lhes possa garantir certa perspectiva de futuro, uma vez que os proprietácute;rios das editoras têm herdeiros interessados, se não falirem pela escassez de leitores, na ativa conservação e em permanente evidência os seus autores. Porém, a clareza dessa realidade conduz-me ao pensamento do enorme vácute;cuo que serácute; aberto a partir do momento em que eu não mais estiver neste mundo, para o exercício desse modesto, solitácute;rio e cotidiano empenho na divulgação da arte da palavra escrita produzida por mim, na qual mergulhei idealística e profundamente por toda a minha vida, dedicando-me ao mácute;ximo, mesmo reconhecendo que meu pensamento, minhas opiniões, meus versos, meus romances, imagens e personagens não passam de tristes letras fadadas ao desamparo da orfandade.

         Carlos Lúcio Gontijo

         Poeta, escritor e jornalista

        www.carlosluciogontijo.jor.br

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