É incrível como a máquina do poder e a mídia tentam persuadir nossa sã consciência e muitas vezes fazemos parte delas, sem sabermos.
O que mais se destaca nos jornais nos últimos dias é a derrota da seleção brasileira de futebol para a seleção de Honduras. Em todas as notícias que vejo, seja nos jornais ou nas redes de televisão, a manchete é a mesma, "vexame, vergonha nacional".
Quem escreve estas palavras não é um daqueles burocráticos que detestam futebol, ao contrário eu adoro futebol, contudo me reservo o direito de ser inteligente e saber que no jogo de futebol existem dois times e que nem sempre o favorito ganha, a imprevisibilidade é que dá valor ao esporte, portanto mérito para a seleção hondurenha.
Vergonha nacional é outra coisa, temos que deixar de lado o pensamento ridículo e implantado nesse país ainda na ditadura, de que nossos jogadores representam a pátria de chuteira. Eles são apenas jogadores de um esporte, que como qualquer outro se perde ou se ganha.
Vergonha Nacional é vermos nos jornais que o brasileiro está comendo menos feijão, por que "tá muito caro", ou vermos no início do século XXI nosso país precisar racionar energia, por que entregamos todo nosso dinheiro ao FMI e não temos com o que investir em formas alternativas de energia, e mais contrangedor, ainda, é vermos nossos governantes colocarem a culpa em São Pedro, nos chamando dessa forma de idiotas.
Vergonha é notarmos que as financeiras e os bancos cobram juros de doze a quinze por cento ao mês e que o Governo tem a cara de pau de dizer que nossa inflação esse ano ficará em seis por cento ao ano.
Vergonha nacional é vermos tantas crianças, pedindo, roubando e morrendo nas ruas, por que não se investe na contrução de mais escolas. Vergonha é vermos tanta gente demonstrar civilidade em frente a uma partida de futebol e continuarem apáticos frente às notícias que demonstram que nosso país está agonizando por causa da corrupção e negligência dos governantes e, ainda, pela cumplicidade daqueles que só pensam em gritar "é gol...gol do Brasil".