JANOT E TOFFOLI DEMONSTRAM QUE DILMA PODE SER MESMO CASSADA
Carlos Newton
Se ainda estivesse em cena, Shakespeare diria que hácute; algo de novo no reino de Brasília. O clima atual da cidade parece fazer com certas pessoas mudem radicalmente seu comportamento.
Primeiro, foi o procurador-geral Rodrigo Janot, que inventou duas teses jurídicas monstruosas. Uma delas foi a blindagem completa da presidente Dilma Rousseff, que não poderia sequer ser investigada por crimes cometidos no mandato anterior. A estranha tese, fruto de uma interpretação tendenciosa de um artigo constitucional aprovado antes da existência da reeleição, chegou a ganhar entusiasmados adeptos, até que o ministro Teori Zavascki colocasse as coisas em ordem, dizendo que qualquer cidadão, até mesmo no exercício da presidência da República, pode e deve ser investigado por suspeita de irregularidade. Hácute; duas semanas, também para blindar Dilma, Janot inventou a coisa julgada em processo administrativo, e a nova tese também ganhou incondicionais apoiadores, até que ficasse patente o ridículo da teoria, criada para tentar arquivar a investigação de irregularidades na campanha eleitoral de Dilma.
DE REPENTE Como diria Vinicius de Moraes, não mais que de repente o procurador Janot assumiu nova postura, destruindo totalmente a blindagem do governo, ao enviar ao Supremo pedido de abertura de inquérito para que o Ministério Público Federal investigue irregularidades na campanha de Lula para reeleição, em 2006, e nas duas campanhas de Dilma, em 2010 e 2014.
Ainda não satisfeito, o procurador-geral pediu também abertura de inquérito para investigar o chefe da campanha de Dilma em 2014, atual ministro Edinho Silva, da Comunicaçãos, além do ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercandante, por sua campanha ao governo de São Paulo em 2010, e do senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, também pela campanha de 2010 que o levou ao Congresso.
UM NOVO TOFFOLI Além da mudança de postura de Janot, também causou forte impacto o aparecimento de uma nova versão do ministro Dias Toffoli, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que vai decidir em breve quem ficarácute; no poder. As opções do TSE são Dilma Rousseff, Michel Temer, Aécio Neves ou um novo presidente a ser eleito diretamente, se Dilma e Temer caírem juntos antes de completar dois anos de mandato, ou escolhido indiretamente pelo Congresso, se Dilma e Temer forem cassados jácute; no terceiro ou quarto ano do mandato.
Na última sessão do TSE, a grande surpresa foi ver Toffoli defender ardorosamente a investigação das campanhas de Dilma, ao assinalar que a decisão de realizar esta apuração não é uma determinação isolada do ministro Gilmar Mendes. "Isto consta do acórdão do TSE e é uma determinação da Corte", disse Toffoli, encerrando as discussões.
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA
É claro que essas novidades na política necessitam de tradução simultânea. Janot e Toffoli mudaram drasticamente de opinião, porque sabem que o governo Dilma jácute; acabou e vai levar de roldão Lula e o PT. Portanto, não adianta mais tentar defender a honra de quem jácute; estácute; publicamente desonrado. Ao mudar de postura, Janot tenta reconstruir sua biografia, que estava indo para a lata do lixo da História, enquanto Toffoli começa agora a escrever a biografia que ele nunca teve..