O ser humano cada vez mais procura dar vazão ao seu instinto natural através de atividades que fogem ao padrão estabelecido pela sociedade contemporânea. Torna-se comum a prática de esportes radicais e outras atividades equivalentes, dando ao lado humano sua porção incomum hoje em dia: a animalidade extinta que o caracterizou séculos atrás. Como explicar o porquê de tais atitudes tão freqüentes. Por que a geração mais nova – ou até mesmo pessoas de 30 anos se submetem e são levados a praticar essas atividades?
Uma idéia se torna plausível e relevante quando se atenta para o fato dessas pessoas estarem presas a um sistema de combinações irremediáveis: sociedade contemporânea fechada para acontecimentos e atitudes novas, medo e constrangimento na hipótese de falhar – no que diz respeito a regras e convenções da sociedade moderna –, e o medo de perder a própria vida.
O ser humano tornou-se debilitado com todos os aparatos e tecnologias de que dispõe, e a evolução o fez homem-computadorizado – ou homem-tecnológico, no sentido mais amplo da palavra tecnologia – ele pertence e depende deste mundo de parafernálias e vice-versa.
Este nosso lado que desconhecemos a ponto de revelar-se, em última análise, no momento culminante que nos faz experimentar e sentir prazer e realização transforma-se num paradigma que estes atletas do acaso, por certo, enfrentam rotineiramente: é o caso de prazer e satisfação pessoal aliado ao perigo constante e risco de vida.
Resta acreditar que nós, seres humanos, estamos fazendo a coisa certa. Aliás, nem sempre percebemos o errado, só quando perigosamente somos envolvidos por uma aura de incerteza, mas é tarde para voltarmos atrás. Alguns conseguem se sobressair com extrema desenvoltura, outros não se atrevem tentar. Essa idéia de oposição, no entanto, é o que faz equilibrar os pratos da balança vital.