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Artigos-->DA CONDUÇÃO DE DESTINOS -- 30/09/2003 - 03:26 (José Inácio Vieira de Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DA CONDUÇÃO DE DESTINOS





José Inácio Vieira de Melo*





Após mais de 15 anos apresentando aos leitores seu trabalho poético e de também publicar vários outros autores, seja em antologias, seja em livros individuais, através do Grupo Cultural Pórtico, Goulart Gomes vem agora mostrar a sua nova faceta: o livro de contos “Todo tipo de gente”.

Como bem indica o título, o livro de estréia de Goulart Gomes no conto apresenta vários perfis. Nele podemos encontrar desde um desesperado garoto “CDF”, que não consegue agüentar a pressão da adolescência (Bilico), até o caricato Chicago (Fetiche) que, como Jean-Baptiste Grenouille, personagem do romance “O Perfume”, de Patrick Süskind, tem o poder de registrar e distinguir todos os cheiros que lhe adentrem as narinas:



“Tornou-se um expert nestes aromas todos. Mesmo de olhos fechados era capaz de identificar se quem estava ao seu lado era homem ou mulher, jovem ou idoso, branco ou negro, cada um deles pelo seu cheiro específico. Nem o melhor dos enófilos de Bordeaux teria tal habilidade olfativa.”



Outra evidência em “Todo tipo de gente” é a influência das leituras do nosso mais novo contista em seu processo de criação: aqui uma pitada de Jorge Luis Borges, ali um inseto de Franz Kafka, acolá a ironia refinada de Machado de Assis, mas, como bom poeta que é, também se faz presente o veio lírico, e Goulart refaz e encaixa, talvez intuitivamente, versos do nosso cânone em sua tessitura, como no conto Guardian: “O mar que banha é o mesmo que afoga”, onde percebe-se de pronto a voz solitária do Augusto dos Anjos dos “Versos íntimos”: “A mão que afaga é a mesma que apedreja.” Ou ainda quando em Fetiche anuncia Drummondianamente: “Tinha uma axila no meio do caminho!”

“Todo tipo de gente” parece, em alguns momentos, refletir a inquietação e as preferências do autor. A busca por respostas ao estar aqui e ao que está por vir depois da derradeira, são questionamentos que de alguma forma estão embutidos em Guardian, conto que encerra o livro, assim como no curto e premonitório Memoricida fica registrada a loucura fatal: a descoberta da poesia.

Lá para as tantas de Virgindade, Goulart lembra que “a ninguém é dado conduzir o destino dos outros” porém ele – o contista, o poeta – conduz os passos de suas personagens, pois, lembrando Platão, só àqueles que são inspirados por um deus é permitido criar uma obra poética, um fazer literário, e aos deuses tudo é possível.

Assim, vai caminhando Goulart Gomes, entre todo tipo de gente que encontra por aí, mas sempre aprendendo, sempre descobrindo e incorporando ao seu fazer literário o que está por baixo das cobertas do estranho, buscando inserir seu traço, sua marca, nas coisas que anuncia e inventa.



*José Inácio Vieira de Melo é poeta, autor dos livros Códigos do Silêncio (2000) e Decifração de Abismos (2002).
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