São Paulo de Piratininga, ainda dezembro de 2007 (*)
Caríssima
Bia Béatrix de Orléans, Bragança e Taubaté
Depois de um longo e tenebroso verão [se bem que ele ainda não se foi], consigo finalmente juntar duas idéias e passá-las adiante.
Seu último e-mail fala de reminiscências tão agradáveis, do tipo “ eu era feliz e não sabia” (sobre infância e adolescência) tão presentes em algumas áreas da minha Sinfonia. Faltou dizer das cartas que todo mundo escrevia e que também respondia, é certo que elas demoravam mais a chegar, mas o imediatismo da Internet não confere o mesmo sabor e, ainda por cima, eliminou a pena e enterrou o estilo, além de nos submeter a esta máquina do Demônio. Falo deste computador senil (muito mais do que eu). Antes era mais fácil, bastava colar um selo no envelope, e com selos recebidos ainda fazíamos coleções. Falo sobretudo do meu remorso por não ter respondido antes, e contado que as coisas por aqui vão como sempre, às vezes calmas, às vezes imprevisíveis, trabalhos com prazos absurdos (il faut gagner son pognon, tout de même) e até mesmo a chegada de Betina, a neta repentina, no último dia 19, em Botucatu.
Bia Beatrix, de sua gentileza deixai-me que cante... diria o poeta João Cabral, encaminhei suas receitas ao setor familiar competente e fiquei sabendo que há muito se buscava algo como o Bacalhau da Cida. Acertastes em cheio, ó pá!
Deixei para o fim, de propósito, a possibilidade de seus comentários sobre a Sinfonia de Subúrbio. Ao lhe dar o caderno, foi como um presente de grego, eu confesso, mas você não pode saber o quanto será importante a sua opinião. Afinal de contas, fora do meio familiar, você foi a primeira pessoa a ler os primeiros esboços e, hoje eu sei, seus comentários àquela época marcaram e me ajudaram bastante a encontrar o tom que acabei por imprimir à obra final.
Que o ano de 2008 lhe seja generoso, assim como a todos os Orléans, sejam eles de Bragança ou Taubaté, são os votos de
Luiz e Sonia
(*) postado por Beatriz Cruz
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