QUISERA SER ROSA
Maria José Limeira
Quisera ser sábio,
para decifrar todas as esfinges
que dançam no meu caminho.
Quisera ser rosa,
sem espinho.
Se eu pudesse, seria linda.
Invulnerável, infinda.
Profunda, maravilhosa.
Vestiria roupa cara,
brilhosa.
Todos gostariam de mim,
se eu fosse assim.
Ao invés, sou diferente.
Sol poente.
Nunca manhã resplandecente.
Noite adentro, escondo meu defeito:
dor que não tem mais jeito.
Esse vazio no peito
é o que mais incomoda.
Sou fora de moda.
Ignorante, abatida.
Limitada, ferida.
Fútil, pedante.
Inútil mirante.
Meus credores
insistem em me cobrar.
Sabendo bem
que não tenho como pagar.
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