Olha, aí, rapaz me escute garoto.
Eu não sei se sou destro ou se sou canhoto.
Estamos todos juntos nesse esgoto,
chamado Brasil atolado.
A minha navalha corta só de um lado.
Eu não sou otário de ficar cheirando farinha,
eu quero é dar um trato na cozinha.
Precisamos arrumar toda esta casa,
e não adianta ficar sozinho na praça.
Eu já parei de fazer pirraça
e ficar cutucando o nariz alheio.
Se o país está essa merda eu vou procurar um bueiro...
Olha, aí, rapaz me escute garoto.
Eu não sei se sou destro ou se sou canhoto.
A minha arma já foi disparada;
chega de ficar despachando na encruzilhada;
a minha fala serve como bala.
Amanhã te encontro duro dentro de uma vala;
foi atingido com o meu verbete,
ou foi a polícia que lhe meteu o cacete.
Depois foi desovado no fundo do mato.
Eu já parei de fazer pirraça
e ficar cutucando o nariz alheio.
Se o país está essa merda eu vou procurar um bueiro...
Olha, aí, rapaz me escute garoto.
Eu não sei se sou destro ou se sou canhoto.
Mas tem gente que chupa têta
esperando sugar leite pasteurizado.
É a cúpula do pão molhado.
O seu pai foi amordaçado.
Quem mandou não saber votar,
ontem elegeram e hoje tudo tá má.
Eu já parei de fazer pirraça
e ficar cutucando o nariz alheio.
Se o país está essa merda eu vou procurar um bueiro...
Olha, aí, rapaz me escute garoto.
Eu não sei se sou destro ou se sou canhoto.
Estou saindo do fundo do poço,
e não precisa agora na época de eleição vir me beijar,
vire esse rabo pra outro lugar
mais parece uma prostituta
conversa de pobre ninguém escuta.
E, eu, o que tenho na cabeça?
Estou parecendo uma lesma.
Acho que não tenho nada.
Estou sozinho com a alma-furada,
na política só vejo roubada.