A foto está na cômoda,
não exposta como as outras,
mas, numa das gavetas,
guardada à chave,
como se faz com os segredos,
com o que precisa ser secreto.
Estou só, como sós estamos
todos, desde que nascemos
até morrer.
Tenho muita vontade de olhar.
Cedo por pouco tempo ao desejo,
que inflama por dentro fazendo o sangue
borbulhar.
Abro vagarosamente a gaveta
e a unica coisa que ouço são as batidas
do coração. Parece que vai explodir.
Meu corpo está quente, cheio de desejos.
Aí está voce, entre muitos papeis
retratado. Um sorriso gostoso e um
olhar de soslaio, provocando mais.
Ajeito a cama, de um jeito louco
que mais parece preparada pra te receber.
Meu corpo semi nu, prepara-se para o ritual.
Seria fácil ter um corpo no lugar da foto,
mais o que quero está ali.
Sei que será suficiente pra sentir os prazeres
que poderias me dar.
Toco meu corpo como se fossem tuas mãos
a percorrer, e sinto-me úmida, como se
estivesses ali a regar com teus
sabores, minhas carnes em brasa.
Encontro todos os caminhos que certamente
te atreverias encontrar.
Recordo logo o gosto do beijo, o suor quente
a escorrer no agitado esforço de amar.
Sinto teu perfume a me enlouquecer.
Mergulho fundo até explodir em ondasde prazer.
Valentina Fraga |
