Desculpa por não ter respondido seu e-mail. Estou com a vida revirada. Sei que isso não é desculpa, pois sou mestra em revirar a minha vida e a dos outros.
Mas, como você está, meu americano sonhador? Como vai essa carinha de anjo, que desperta mistério e alucina nos beijos?
Eu? Ando ocupada, querendo correr do trabalho, ficar sentada no canto, lendo um livro qualquer sobre uma história de amor. Bem. Não consegui fazer isso, mas leio um sobre Jacqueline Kennedy Onassis. Sei que você está rindo de mim, dizendo que deveria estar pregando os olhos em Oscar Wilde, por exemplo. Mas quero apenas saber de uma história, apenas isso.
Estou amando novamente. Sei que gosto da mesma pessoa de sempre, mas juro, deixei de gostar e passei a amá-lo. Como naquele dia em que você me encostou na parede e mandou que eu resolvesse logo minha vida. Hoje resolvi. É para sempre. Ou “até que a morte nos separe”, se é que você me entende.
Continua com seu exercício de imaginação? Me pegou direitinho, fingindo ser um brasileiro pela Internet. Até porque, nesse “modo eletrônico”, sonhamos todos, pois podemos ser tudo o que a vida ainda não nos deu o direito.
Ontem sonhei, acordada, claro. Pensei que estava chegando ao Brasil para passar o resto dos meus dias. Não viajaria mais. Que sonho engraçado para uma pessoa que adora estar em “outros lugares”. Pareço cansada, com “aquela dor que não cabe no peito”, me sentindo fraca ao ponto de não realizar bem meu serviço e de não saber dizer não a ele. Lembra de Ros and Gil? “Deve haver um momento em que podemos dizer não. Porém, não sei como deixamos passar. Bom, faremos melhor da próxima vez”.
Desculpe cortar meus pensamentos assim, mas tenho que ir. Venha me ver na próxima semana. Estarei aqui esperando que esses lindos olhos azuis me tirem para dançar.
Amo você mesmo antes de conhecê-lo, pois você sempre fez parte dos meus sonhos.
Da sua amiga,
Branca
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