Que fascinante poder se aprofundar no conhecimento milenar do Tantra, melhor que isso vivenciá-lo de fato. Vejo que seus pesquisadores, cientistas antigos que dedicaram suas vidas, numa busca incessante pelo autoconhecimento, sendo, “sujeitos” e “objetos” de sua própria experiência, respondem positivamente a Amit Goswani, físico indiano, que questiona se seria o cientista capaz de se deixar transformar pela sua própria descoberta. Esses determinados pesquisadores com certeza o fizeram através de séculos de práticas de Yoga e Meditação, embrenhados no silêncio das montanhas ou nas florestas mais recônditas da Ásia, conseguindo decodificar através da percepção mais aguçada o movimento do rio da vida em seus corpos e mentes, bem como sons sutis que serviram de base para o Sânscrito, essa língua tão antiga que traz em seu alfabeto letras que em forma de mantras são capazes de tocar os sete centros de energia psíquica em nosso sistema corpo, mente e espírito, como teclas de um piano bastante afinado. E fizeram mais, deixaram esse conhecimento milenar à disposição da humanidade, num serviço de utilidade pública a que deve se prestar toda ciência.
É necessário dizer que o significado de Tantra foi muito distorcido, sendo-lhe atribuído um sentido unicamente voltado para a sexualidade, negligenciando o lado direito do rio de energia sutil que corre em busca de transcendência espiritual. Segundo o sábio indiano P.R.Sarkar, o significado de Tantra nas escrituras é “...aquilo que libera as pessoas das algemas da estaticidade”. A raiz Sânscrita de tan quer dizer expandir. É acima de tudo uma ciência prática que leva a expansão e a emancipação da consciência.
Tudo muda a partir dessa antiga e tão nova visão de mundo. Chego a ver uma medicina podendo adquirir um sentido mais profundo em seu símbolo, o caduceu de Mercúrio, lembrando os nadis, rios de circulação da energia sutil. Vejo uma psicologia resgatando o sentido mais profundo da palavra Psiquê, ou seja, Alma em todos os seus segmentos. Vejo, portanto, a integração mente, corpo e espírito, caminhando juntos finalmente.
Uma ciência prática que desenvolve sua farmacologia no próprio local da experiência, ou seja, no corpo humano. Farmacologia tão acessível e disponível com exercícios de integração mente-corpo-espírito, como a Yoga sendo capaz de estimular as glândulas secretoras de hormônios, os neurotransmissores responsáveis por muitas de nossas emoções, equilibrando os sete chakras. A meditação sendo capaz de estimular a mais poderosa glândula de nosso corpo, a pineal, liberando a famosa melatonina, responsável pela sensação de bem estar, de tranquilidade e capaz de combater o stress e males como enxaquecas, depressão, insônia, câncer, sem falar que auxilia a retardar o envelhecimento uma vez que se trata do melhor antioxidante que existe. Não é à toa que muitos famosos por aí, estão gastando os tubos, por esse hormônio, sem provavelmente saber que ela pode naturalmente ser estimulada sem gastar um tostão, mas exigindo esforço e disciplina. Mas quem é que quer se esforçar, não é mesmo? Infelizmente o imediatismo reina em nosso mundo, e busca-se sempre o que parece ser o caminho mais fácil. Pode até “parecer” mais fácil, mas altamente prejudicial à saúde e nem um pouco ecologicamente sustentável.
Uma ciência que está cada vez mais ganhando terreno no ocidente. Tenho visto muitas revistas de alta circulação enfatizando os benefícios que essas práticas podem trazer para a saúde.
Uma ciência, que embora seja tão antiga, começa a se integrar ao que há de mais atual nas pesquisas científicas sobre a complexidade mente-corpo. Talvez o “Fio de Ariadne” da história que conduzirá ao resgate da espiritualidade tão negligenciada pelo materialismo.
Uma ciência que coloca à disposição daquele que realmente busca a sua transcendência, um caminho que o prepara para a evolução e ascensão da energia sutil que se move no rio de complexidade da existência humana, a Kundalini, o colapso de Shiva e Shakti (Consciência Cósmica), levando ao Samadi, o êxtase inexplicável e inominável. Segundo Yung, a Kundalini é o único segredo verdadeiro, porque ninguém pode contar como é.
Uma ciência que busca o espiritual, mas não nega a matéria, pelo contrário, dela procura retirar o melhor, colocando-a a serviço da meta maior, a expansão da consciência. Uma ciência milenar que integrada à ciência contemporânea e tantas outras áreas de conhecimento poderá contribuir para a construção de um novo mundo.
Para quem se interessar, no Brasil, o Instituto Visão Futuro, uma ONG localizada em Porangaba, interior de São Paulo e coordenado pela Dra. Susan Andrews traz o conhecimento do Tantra, juntamente com a medicina Ayurveda e integrando com o que há de mais recente nas pesquisas científicas de mente-corpo. Há um site da ONG: www.visaofuturo.org.br.
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