POESIA TRISTE
Meu corpo se comporta
Mas minha alma anda por aí
Perdida
Nos desvãos da vida.
Embriaga-se no líquido das noites voláteis,
Entulha os olhos de escuridão e penumbra,
Mergulha na luz amarela das lâmpadas
De cabeceira.
Vive ela de paixão impossível
Deslizando na pele quente e fremente
Do corpo da amante distante
Que dorme só.
Junta egocêntrica um pequeno tesouro
Feito de detalhes de lembranças,
Da vivência laboriosa e dolorida
De outras eras.
Ah, minh’alma!
Por onde andas nesta noite cálida,
Que tépidos lábios hoje beijas,
Que generosos seios agora sugas?
Minha pobre alma!
Que sonhos sonhas em alcovas noturnas,
Na vertigem de que olhar te perdes,
Em que ventres mergulhas teu ser?
Volta para este corpo que tirita de frio,
A esta carne que sem ti é nada,
À mente que vagueia inconsolável
Ao ritmo desta poesia triste.
BSB23042002
|