Cabo da Boa Esperança ou das Tormentas?
Depois que os turcos tomaram Constantinopla e impediram as passagens terrestres que os europeus usavam para ir ao Oriente, os portugueses tentaram chegar até a Ásia pelo mar. Mas achavam que nos oceanos desconhecidos viviam monstros medonhos que atacavam os marinheiros.
E há descrições deles, como no relato de Francisco Correia, no século XVII: “(...) Tinha somente aparência de homem na cara, na cabeça não tinha cabelos mas uma armação,como de carneiro, revirada com duas voltas; as orelhas eram maiores que as de um burro, a cor era parda, o nariz com quatro ventas, um só olho no meio da testa, a boca rasgada de orelha a orelha e duas ordens de dentes, as mãos como de bugio, os pés como de boi e o corpo coberto de escamas, mas duras como conchas. (...)”
Somente depois de inúmeras tentativas, os portugueses conseguiram contornar o sul da África, ultrapassando o local onde enfrentaram perigos e lhe deram o nome de Cabo Tormentoso. Segundo outro relato, de Manuel de Faria e Sousa (Ásia portuguesa, século XVI), “...Já fatigados, deram a volta e encontraram então o que procuravam com pertinácia (...) Estes seus descobridores deram-lhe o nome de Tormentoso, por ali terem passado o perigo de uma grande tormenta, e Cabo da Boa Esperança lhe chamou o nosso rei, pela esperança, que lhe prometia, do descobrimento da navegação da Ìndia (...)”
O Cabo da Boa Esperança fica bem ao sul da África, no lugar em que hoje se situa o país chamado África do Sul.
De toda essa história da História, ficou-nos a expressão “dobrar o cabo da Boa Esperança”, que significa ultrapassar uma idade já madura.
À primeira vista, sempre me pareceu que a “boa esperança” tinha ficado para trás nessas alturas da vida, depois dos cinqüenta anos, talvez. Mas o rei não escolheu o nome esperança - e boa - justamente porque havia algo melhor para além daquele cabo? Tantos sacrifícios e tormentas para vencê-lo...
Beatriz Cruz
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