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Cronicas-->Gente mais realista que o rei -- 16/02/2016 - 11:08 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Gente mais realista que o rei

Carlos Lúcio Gontijo                              

          Os espaços de divulgação cultural são poucos e, ainda assim, costumam não durar muito, pois exigem daqueles que os administram elevada dose de idealismo, desprendimento e persistência.  Além do mais, o meio cultual é permeado de muita vaidade, com a maioria dos autores se sentindo criadores de constantes obras primas, o que os tornam incapazes de qualquer exercício de avaliação distante do egocentrismo.

          Nos últimos anos, tenho me declinado a convites para integrar academias de letras, pois o que pude observar é que as agremiações culturais terminam dominadas por grupos hegemônicos, que as usam segundo os seus interesses, invariavelmente superiores aos anseios da maioria, que em muitos casos jamais aparece nas fotos e pouco é levada em consideração, com prevalência do estilo de produção poética e literácute;ria dos que tomam em suas mãos o comando acadêmico.

          O ambiente cultural estácute; repleto de empavonados donos da verdade, que não apenas afastam os componentes mais humildes, os quais tudo o que esperavam era a obtenção de algum apoio e um palco, mesmo que pequeno, para apresentar o seu trabalho cultural. No entanto, rapidamente descobrem estar metidos em ninho de cobras e se veem sob o risco de ser dominados pelo desânimo e amplo desestímulo, semeados inesperadamente por aqueles de quem esperavam palavras e ações de incentivo.

          Na minha caixa de correspondência eletrônica chegam inúmeros convites para que eu participe de coletâneas de toda ordem, todo tipo e todo lugar; disponibilização de estandes em feiras e bienais do livro, onde os autores ficam num canto assistindo ao desenrolar de uma festa que faz do produto impresso um mero detalhe cercado de “celebridades” e os mais variados atrativos da indústria do entretenimento por todos os lados; grácute;ficas oferecendo serviço de impressão, e por aí afora, como se eu – um simples e esforçado escritor e poeta independente – tivesse recursos financeiros para atender tamanha fileira de chamamentos.

          Não são muitos os horizontes que se abrem à luz cultural e se mantêm coerentes aos seus princípios e filosofia de trabalho e, dentre os feixes de claridade e esperança que se me apresentaram estão as revistas luso-brasileiras “Fênix” e “eisFluências”, veículos virtuais de divulgação da cultura lusófona, que têm na figura da poetisa portuguesa Carmo Vasconcelos uma grande mentora, a quem acompanho hácute; muitos anos. Meu contentamento, minha alegria e extrema confiança em seu comportamento retilíneo mergulhado em sensibilidade, levaram-me à decisão de convidácute;-la para deixar sua palavra na abertura de livro que pretendo lançar neste ano (2016), sob o título de “Tempo impresso”, uma obra de 400 pácute;ginas.

          Ser tratado democraticamente e sem contornos estranhos, ou sinais de menosprezo e exclusão, é um verdadeiro achado nos dias de hoje, uma vez que o natural é a submissão a pretensos donos da palavra final. Os pendores para aparecer (como se fosse iluminada vitrine na avenida) a qualquer custo é constatação cada vez mais frequente. Outro dia, comecei a ler o artigo de um professor de português, que num repente me veio com os famosos versos de Carlos Drummond de Andrade: “No meio do caminho tinha uma pedra/ Tinha uma pedra no meio do caminho”. Primeiro fez um elogio, na base do “isto é pura poesia”, para depois apontar um deslize, dizendo que o verbo existir não pode ser substituído pelo verbo ter e que o correto seria “no meio do caminho havia uma pedra”. Como temo gente mais realista que o rei, não me fiz de rogado e abandonei a leitura do texto, implorando aos céus para que poeta algum, desavisadamente, caísse na bobagem de entregar um livro aos cuidados de tão destemperado sácute;bio purista – domador da ciência do perfeito vácute;cuo.

          Na condição de autor independente (com uma produção de 17 títulos), não posso perder meu tempo com propostas inviácute;veis ou inócuas, ainda mais quando projeto completar 40 anos de literatura em 2017 com o lançamento do 20º livro. A meta é difícil, mas eu a perseguirei com todo o empenho e afinco, auxiliado pelo estímulo indispensácute;vel dos bons amigos, que graças a Deus existem em meio a este mundo envolvido em tanto jogo de interesse, tanta ingratidão e tanto falso brilhante exposto como se pedra preciosa fosse.

          Carlos Lúcio Gontijo

          Poeta, escritor e jornalista

        www.carlosluciogontijo.jor.br

       3 de fevereiro de 2016

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