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Artigos-->EDUCAÇÃO BRASILEIRA -- 05/10/2003 - 17:35 (Welington Almeida Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PACTO PELA EDUCAÇÃO. METAS OTIMISTAS DO MEC

Welington Almeida Pinto

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No início do mês de julho passado, a UNESCO revelou, em Londres, os números da última avaliação de conhecimentos em alunos na faixa de 15 anos dos 41 países participantes. Para o Brasil, o pior resultado: nossos jovens concluem o ensino fundamental mal sabendo interpretar um texto; em Matemática e Ciências só foram melhores do que a moçada do Peru. Mais uma vez, um triste resultado, sem aplausos.

Diante dos fatos, o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, visivelmente preocupado, revelou que o pacto para investir pesado na educação já existe. Melhor ainda, pela intensidade da vontade política pactuada, sairá logo do papel. E explica:

- Não estou muito preocupado com o triste lugar que o Brasil ocupa nas pesquisas educacionais da Unesco. Não quero que sejamos comparados com os piores. Quero é olhar para frente e tentar seguir o exemplo de nações que estavam em estágio educacional comparável ao nosso há 30 anos, como a Espanha e a Coréia do Sul, e atualmente nos ultrapassaram de muito. É esse o meu interesse em conhecer melhor a experiência da Irlanda*. Todos esses países fizeram um pacto pela educação. Desses pactos participaram tanto os partidos políticos e os governos com o conjunto da população. E foram pactos de longo prazo, porque em matéria de educação não se pode quer resultados imediatos. No Brasil o que temos é fingimento e hipocrisia. Falam em prioridade para a educação, mas não existe prioridade alguma. Temos 5,5 milhões de crianças matriculadas na 1ª série e apenas 2,8 milhões na 8ª série do ensino fundamental. Temo que nem no nosso governo essa prioridade exista. Este ano, tentei aumentar o valor da bolsa-escola e não consegui. Resultado: sobraram R$ 300 milhões, que já redistribuí.

E critica o aumento das matriculas no ensino fundamental:

- Matricular não quer dizer ensinar e ensinar não significa aprender. Temos de melhorar a qualidade dos Professores do ensino fundamental e do ensino médio. Para isso, temos de reduzir a desigualdade salarial entre a Professora que ensina as crianças numa favela da periferia e um Professor universitário que ensina com todo o conforto num campus urbano. O Professor se conquista pelo bolso, pagando melhor, pelo coração, elevando a auto-estima pela sua missão na sociedade e pela cabeça, dando-lhe oportunidade de melhorar o seu desempenho através de estudo. E temos a obrigação imediata de acabar com o analfabetismo adulto. É uma vergonha nacional termos mais de 20 milhões de brasileiros que não são capazes de ler a própria bandeira. Conseguir fazer do Brasil um país alfabetizado é uma meta possível até 2006.



EDUCAÇÃO E CIDADANIA



O Ministro ainda desfila uma lista enorme de metas que pretende atingir até o final do Governo Lula, como implantar o Programa de Valorização e Formação do Professor; ampliação do valor do FUNDEF; apresentar um novo projeto para a autonomia das 55 Universidades Federais; implantação da Universidade Aberta do Brasil; criação do PAE – Programa de Auxílio ao Estudante; criar o FUNDEB e o Sistema Brasileiro de Formação do Professor. Por fim, acabar com o trabalho infantil e garantir a matrícula a toda criança a partir dos 4 anos de idade.

Cristovam Buarque quer ampliar as oportunidades educacionais oferecidas ao brasileiro. Para isso pretende duplicar o salário médio do Professor até 2007 e dar condições de funcionamento aos prédios escolares espalhados de norte a sul do país. Só assim, acredita o Ministro, o Brasil dará um passo importante para conseguir a igualdade de acesso à escola num país que, atualmente, a criança branca tem 2 vezes mais chances de freqüentar a escola do que a negra, o filho de mãe escolarizada tem 11 vezes mais chances do que o de mãe analfabeta. Também critica a proporção pequena do governo federal nos gastos com a educação: 20% do total, isto é 1% do PIB. Os estados: 43% e os municípios: 37%.

A IMPORTÃNCIA DAS BIBLIOTECAS



Desta vez o Ministro não tocou na criação e manutenção de bibliotecas escolares como recursos básicos para a formação e inclusão social da juventude brasileira. Mas, com certeza, é uma das prioridades do Ministro. Em artigos anteriores, até sugerimos dois pontos importantes para gerar incentivo e recursos garantindo o empreendimento: a invenção do SELO CULTURAL para despacho de livros pelos correios nos moldes da Carta Social. E a LOTERIA CULTURAL, com bilhetes de loteria lançados no dia do aniversário de grandes escritores brasileiros, como Guimarães Rosa, Monteiro Lobato, Jorge Amado e outros, que poderão emprestar nome e prestigio a favor de uma causa para gerar recursos a um Fundo Financeiro destinado à criação, reforma, manutenção e reposição livros. Exemplo: PRÊMIO MACHADO DE ASSIS, no dia 21/06 (nascimento) ou 29/09 (encantamento).

Concordamos plenamente com o Ministro. Mas com uma observação: quando cita países europeus que saíram do subdesenvolvimento investindo pesado na educação é bom lembrar que o pacto lá foi baseado em vontade política muito bem assumida, ousada. Aqui, com a costumeira descontinuidade das ações governamentais, se quiser o mesmo sucesso, terá que reorganizar com urgência as forças políticas que apóiam o Ministério da Educação. Sair logo do discurso e partir para ações concretas como se fosse implantar um verdadeiro projeto de governo, capaz de dinamizar os órgãos existentes e, se for o caso, criar novos departamentos com interesses coincidentes com o interesse nacional; fundados no sistema de mérito e administrados segundo critérios técnicos, isolados da tecnocracia arrogante que sobra no serviço público brasileiro. E mais: resistentes ao clientelismo, ao empreguismo e ao fisiologismo.

Para voar alto em um mundo cada vez mais globalizado, o país precisa investir cada vez mais numa formação sólida de sua juventude; não adotar medidas nesse sentido é continuar com remendos na legislação atual. E tudo permanece como dantes: nota baixa. Lembrando uma mensagem de Jean Claude Obry: o talento é a competência para construir na realidade um sonho de vida em benefício de uma comunidade.

Eis a questão. Projetos para melhorar a educação no Brasil existem. Vontade política e verba!?... Será que há para executá-los?



* Na Irlanda, em 1973, quando o país decidiu entrar para a União Européia, foi elaborado um pacto pela educação, destinando todo o dinheiro recebido dos países mais ricos do continente para o sistema educacional. Resultado: trinta anos mais tarde a Irlanda apresenta a maior renda per capitã da Europa, e ocupa o 12º lugar entre as nações de melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

** Mais artigos sobre Educação no Brasil: www.ensinofundamental.kit.net/educacaoemfoco

* * * Welington Almeida Pinto é escritor, Jornalista (08124/JP-MTE). Entre outras obras, Santos-Dumont no Coração da Humanidade e A Saga do Pau-Brasil. Site: www.welingtonpinto.kit.net - E-mail: welingtonpinto@globo.com

**** Para refletir: Não podemos evitar que os pássaros da tristeza voem sobre nossas cabeças, mas podemos evitar que eles construam ninhos em nossos cabelos. (provérbio chinês)











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