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Cartas-->A AMPULHETA DA VIDA -- 29/06/2008 - 19:39 (Gabriel de Sousa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu querido neto:
Como passa depressa o tempo! Ainda “ontem” eu próprio era um menino de calções, ansiando pelo momento de entrar para a escola. Em breve, queria ser adolescente para ter mais “liberdade” e (que ambição!) ter a chave de casa. E queria, cada vez mais, que a vida andasse depressa: a maioridade, a carta de condução, a faculdade… Namorar, casar e ter filhos. Ter uma casa só minha, um bom emprego. Subir na carreira. Ter muitos amigos.
E assim tudo foi acontecendo. Vieram os trinta anos. Os quarenta. E nunca ousei olhar para a ampulheta da vida. Inexoravelmente, porém, a areia deslizava, esvaziando um dos lados e enchendo o outro.
Vieram os cinquenta anos e nasceste tu. Aos sessenta, tive os primeiros sintomas de que as células humanas envelhecem e os cabelos se tornam da cor da neve.
Sendo normalmente pessimista, mas fazendo um esforço, aceitei como possível que poderia viver ainda mais uns vinte anos. Teriam portanto já passado três quartos da minha vida. Faltava apenas um.
Hoje, na praia, agarrando um punhado de areia, observei os pequenos grãos escorrendo por entre os dedos. Apertei mais a mão para adiar o inadiável. As gaivotas esvoaçavam, poisando aqui e ali. Eu segui-as com os olhos e pensei...
…Pensei que, apesar de tudo, se um dia me tornar dependente ou perder a lucidez, quererei ter ainda um resto de discernimento, de força e de coragem para abrir rapidamente a mão, de modo a que a areia deslize toda de uma vez.
Hoje acordei triste. Desculpa-me. Espero que estejas bem. Tenho saudades tuas.
Beijos do teu avô.


NB – 1º Prémio nos Jogos Florais da Academia de Santo Amaro – 2008
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