INTERPRETANDO O 13 DE MARÇO
Nivaldo Cordeiro
14/03/2016
www.nivaldocordeiro.net
Estive ontem na Avenida Paulista e pude testemunhar a exuberante manifestação que os paulistanos fizeram. Não ficaram sozinhos. No Brasil inteiro a imprensa reportou a força das ruas, números monumentais. As pessoas foram espontaneamente à via pública para deixar um recado, não apenas ao PT, mas a toda elite dirigente do Brasil: Basta! Nunca vi multidão tão entusiasta e compacta, ordeira, responsácute;vel. Toda gente estácute; farta das falcatruas, dos discursos insossos, da pletora estatal. Quem esteve nas ruas, todavia, foi a parcela da população mais expressiva do ponto de vista moral. Os brasileiros estão cansados de serem roubados, vilipendiados e de verem o Estado ser desviado de suas finalidades.
A multidão nas ruas confrontou diretamente o PT e seu governo. Se a chance de impeachment era forte na véspera, no domingo ele ficou inevitácute;vel. A classe política não poderácute; fugir à sua responsabilidade. O povo nas ruas pode ser o combustível que faltava. O governo Dilma Rousseff estácute; em xeque por causa dos problemas com a Justiça. Nem distribuindo cargos para duvidosos aliados consegue o mínimo de votos para se garantir na Presidência. Nem comprando apoios consegue se esquivar de ser uma minoria indefensácute;vel. Sairácute; do poder e serácute; logo.
Mas sobrou também para a oposição. Alckmin e Aécio foram vaiados. As pessoas nas ruas não se deixaram instrumentalizar. Ficou claro que hácute; uma rejeição não apenas ao PT, mas a todo o discurso esquerdista. Eu vejo as propostas da direita política emergirem da praça pública, bandeiras que a elite política, adestrada na luta contra o governo militar, resiste em tomar. Creio que essa resistência abrirácute; espaço para surgimento de caras novas na política jácute; nas eleições deste ano. Quem ousar se apresentar como conservador nos costumes e liberal em economia poderácute; ser eleito com facilidade. O esquerdismo cansou e é repudiado porque falhou no mais essencial.
Um segundo vetor que pressiona pelas mudanças políticas é a devastadora crise econômica que se instalou no país. Ela estácute; atingindo todos, inclusive o governo, que amarga inédita e brutal perda de receita, agravando o problema do déficit público, mas também as grandes empresas e, claro, o povo miúdo. A sensação de que o Brasil não precisava passar por essa purgação é visível. A responsabilidade pela crise é exclusiva da incompetência da presidente Dilma Rousseff. Esse fator não pode ser minimizado, até porque aqueles que foram as vítimas iniciais das demissões estão esgotando as verbas rescisórias e o seguro-desemprego, estando inteiramente ao desamparo da sorte. Essa situação não atinge apenas operácute;rios e trabalhadores de baixa renda, mas da classe média também.
Hácute;, ainda, um terceiro fator a ser considerado: as mudanças na Argentina, que geraram a imediata reversão nas expectativas e criaram as condições para a retomada do crescimento econômico. Elas têm impacto extraordinácute;rio sobre os brasileiros, que têm observado com atenção o que ocorre no vizinho do sul. Macri mostrou o caminho, que é inverso àquele trilhado por Dilma Rousseff. Gerou um paradigma a ser seguido, acima de qualquer dúvida.
Óbvio que o PT busca alternativas para a retomada do crescimento, mas estácute; prisioneiro de suas próprias ideias e do seu próprio discurso. Daí a paralisia gerencial em que estácute; metido. Não hácute; como dar jeitinho e reinventar a teoria econômica. É preciso respeitar as leis econômicas. As reformas são inevitácute;veis.