Dilma usa o Palácute;cio do Planalto como sede da conspiração contra a Constituição e o Supremo
Ao receber sedizentes juristas, presidente chama de “golpe” processo de impeachment, que é previsto na Carta, na lei e estácute; ritualizado pelo STF. É o canto do cisne
Por: Reinaldo Azevedo
Infelizmente, a presidente Dilma Rousseff segue fazendo tudo errado, qualquer que seja o critério com que se a avalie. Erra de um ponto de vista legal, técnico, objetivo. Erra também como ser político que tem interesses. Resolveu, de modo deliberado, atuar contra a Constituição e as leis, o que é ruim para todos. E, a cada dia com menos soldados, decidiu elevar o tom da retórica, o que é corriqueiro entre os que estão acuados. E o resultado é sempre contraproducente.
A presidente e seus conselheiros de meia-pataca, no desespero, decidiram transformar o Palácute;cio do Planalto numa espécie de “bunker” da resistência. Nos seus delírios dos últimos dias, a “presidenta”, como exige que se a chame, deve olhar para si mesma como se fosse um Salvador Allende — espero que não se deixe fotografar de metralhadora na mão…
Ocorre que, do lado de fora do Palácute;cio, não hácute; tanques, não hácute; baionetas, não hácute; militantes golpistas, não hácute; ninguém rasgando a Constituição. O Palácute;cio do Planalto não é e não serácute; o Palácute;cio de La Moneda. Não mandaremos nem mesmo os corruptos para o Estácute;dio Mané Garrincha, como se mandaram os adversácute;rios do presidente chileno deposto para o Estácute;dio Nacional. Nós os levaremos aos tribunais. Segundo as leis.
Hoje, a Constituição, continuamente rasgada ao longo desses mais de 13 anos, continua a ser vilipendiada é na sede do poder, transformado num palco de uma pantomima patética. E de novo nesta terça, quando sedizentes juristas foram emprestar a sua solidariedade à ainda presidente.
Vociferando a sua impotência, Dilma diz que não renuncia de jeito nenhum!
Que não renuncie! Serácute; deposta pela Constituição.
Afrontando a Carta Magna, a Lei 1.079 e o Supremo, que definiu o rito do impeachment, disse a mandatácute;ria a uma plateia de acólitos: “Nesse caso não cabem meias-palavras. O que estácute; em curso é um golpe contra a democracia. Eu jamais renunciarei”.
O evento foi pomposamente batizado de “Encontro com Juristas pela Legalidade da Democracia”. Juristas? A maioria lácute; não tem uma miserácute;vel obra de referência, não escreveu um bendito livro. Aliácute;s, essa mesma maioria não deve nem ter lido um livro em particular: a Constituição.
O juiz Sergio Moro foi o alvo principal dos discursos furiosos, numa manobra que tem de primitivo o que tem de contraproducente. É contraproducente porque Moro é visto hoje, Brasil afora, como um herói por ter se identificado com a causa do combate à corrupção. Afrontácute;-lo com ofensas é uma burrice. E a coisa é primitiva, tolinha mesmo, porque eventuais exageros do juiz não servem para esconder os crimes cometidos.
Nova “Rede da Legalidade” Os farsantes resolveram levar longe a ignomínia. Decidiram criar uma tal “Rede da Legalidade”, numa alusão à pressão feita por lideranças próximas a João Goulart, em 1961, para que assumisse a Presidência com a renúncia de Jânio Quadros. Boa parte do establishment militar não aceitava a sua posse.
A lembrança é infeliz até porque o desfecho é trácute;gico. Goulart assumiu, mas com os poderes executivos transferidos a um primeiro-ministro. A solução durou pouco, e um plebiscito devolveu a Jango as prerrogativas presidenciais. Em 1964, veio o golpe.
Pois é… Desta feita, a Rede da Legalidade não é aquela que nasce dos palácute;cios, como em 1964. A Rede da Legalidade é a que estácute; nas ruas.
Ilegais, hoje, são aqueles que usam um prédio público, como é o Palácute;cio do Planalto, para chamar de golpistas a Constituição, a lei e o Supremo.
Dilma jácute; se levantou contra uma ditadura em nome de outra ditadura. Agora, ela se levanta contra a democracia em nome de um governo desmoralizado, cercado de ladrões por todos os lados.