Certa vez me encontrei
Meio fora de medida
Pesando umas oito arroba
Com a barriga estendida
Quase três palmos pra frente
Que nem parecia gente
Era um tambor de comida.
Foi quando a minha mulher
Que já me tratava mal
Chegou em casa arretada
Com meu estado anormal
E disse sem muito luxo
Tu vai perder esse bucho
Na base do XENICAL.
Disse eu; que bicho é esse
Que dá sumiço em barriga
É um milagre em cachete
Ou é tu querendo briga
Ela disse; não senhor
Quem passou foi o doutor
E deixe de sua intriga.
Vá logo tomando um
Que é pra melhorar de vez
Desse buxo de lamproa
Que parece gravidez.
Eu fiquei desconfiado
Mas engoli o danado
Agora escutem vocês.
A dosagem era exata
Dois cachete todo dia
Um depois que almoçava
E de noite quando comia
Quando começou foi bom
Mais depois mudou o tom
Dando início à agonia.
Quando o bicho fez efeito
Foi me dando uma zonzeira
Começou pela barriga
Dando uma roncadeira
Me pegou desprevenido
Que quando eu tomei sentido
Tava na porta traseira.
Era aquela misturada
De graxa de óleo antigo
Com uma lama amarela
Fedida que eu nem lhe digo
Da calça melou o fundo
Na frente de todo mundo
Nunca vi maior castigo.
Veio sem nem avisar
Que já estava chegando
Quando vi já tava feito
Fui na parede encostando
Com cara de papangu
Com tanta raiva do cu
Que chega tava suando.
Passei mais de quinze dias
Vazando aquela mistura
Jamais pensei ter saudade
D’uma merdinha mais dura
E era quase o dia inteiro
Que eu passava no banheiro
Só despejando gordura.
Posso dizer a vocês
Que perdi minha barriga
Só tomando XENICAL
Ô cachete da bexiga
Mas porém se acontecer
Do processo reverter
Não entro mais nessa briga.
