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Cronicas-->WHATSAPP E SUCO DE LARANJA -- 22/04/2016 - 21:57 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Whatsapp e suco de laranja
Crónica
João Ferreira
21 de abril de 2016
Numa manhã nublada, um jovem apaixonado manipula um Samsung 4 numa padaria de Brasília. Beberica um suco de laranja e simultaneamente seus dedos ativíssimos não desistem de dar prioridade a múltiplas whatsapps. Eu vou lendo meu jornal e olhando o jovem ocupado em suas whatsapp. No meu jornal há uma mistura de temáticas. A primeira delas, a crise da economia brasileira a tratar no consultório do doutor Levy. E num caderno de O globo o sucesso dos shows de Led Zepellin no Brasil. Uma entrevista com Robert Plant, 66, mostra como seu novo grupo está optando por um caldeirão musical formado por blues, folks, música cigana, música celta e batidas africanas. Achei a entrevista interessante. O conteúdo contrasta com o ambiente onde me encontro. A mistura do caldeirão musical do grupo Led Zepellin dá consistência à mistura de outras personagens em ação aqui no pedaço. Volta à baila , o suco de laranja e o whatsapp frenético do jovem do Samsung 4. Nas cadeiras e nos corredores surgem figuras humanas bizarras ao lado de pombos vadios arrulhando ou catando migalhas no chão e certas figuras humanas bizarras que vão acudindo ao local. Pensando nisto tudo dá para pensar que quando a mistura representa um aprofundamento conceitual e experiencial, podemos ser levados bem mais longe, fantasiando um caldeirão fumegante onde misturas políticas, raças, ideologias, melindres múltiplos, corrupção e crises sociais confluem para colar na cara de famosos personagens políticos que contracenam na pátria amada. É tudo o que nos inspiram as informações, as notas e os comentários dos grandes periódicos brasileiros. Esses personagens que se acham vestidos de túnica branca inconsútil símbolo de suposta inocência aproveitam os lapsos da informação e da crítica junto às massas para praticar a fina flor do sofisma. É uma pena. Mas há um espaço solto na interpretação da notícia na prática destes delitos de deseducação social no atual dia-a-dia brasileiro.Numa primeira avaliação bem nos moldes da sofística clássica dos tempos de Platão, certos políticos vão querendo nos convencer que um fato não é fato, que um roubo não é roubo e que um réu não é réu. Faz lembrar a instrução dada pelo advogado ao réu assassino que tem direito de negar o crime. Matou mas na hora de confessar a verdade, ele não matou. E aí o assassino deixa de ser assassino porque não havendo consciência nem ética nem moral nem vergonha, ele dirá que não matou.Essa mentalidade forense foi transferida para a política. A corrupção não é corrupção. Receber dinheiro não é receber dinheiro. Quando um jornal dá para o público a notícia obtida da confissão de um delator credenciado pela justiça, os corporativistas partidários dirão que o partido só recebe dinheiro de acordo com a lei.É claro que para pessoas com formação clássica de raciocínio, a manobra não cola. Não cola mas é esse o cenário momentàneo em que as coisas se colocam para decepção geral da nação. Dá a impressão que a prática política chegou a um patamar incrivelmente baixo. Não é só a prática maquiavélica dos princípios de "O Príncipe". É mais do que isso. É a agressão à nação, é a virulência se expandindo deixando a sociedade estupefata pelos sofismas criados para que a corrupção campeie. Arrogància, mentira, pretexto, hipocrisia. Nesse contexto, o réu aparece com o rosto nimbado de inocência. Duzentos milhões que saíram como propina ninguém recebeu. Porque no partido todas as "doações", que são propina, são feitas, segundo eles, "de acordo com a lei". E aí, o Brasil vai sendo deseducado, vai sendo degradado. A consagração do sofisma é apenas uma fórmula discursiva trasladada do recinto forense para a linguagem dos acusados de corrupção. Os atos são autónomos e quando as palavras tentam definir os atos, os habilidosos argonautas do sofisma da corrupção tentam colocar a máscara de inocentes.As palavras não são usadas para significar referencialmente, mas simplesmente para designar os intuitos ocultistas do indiciado. As palavras são marionetes e prestam-se ao exercício da desfiguração de sentido. Nas eleições, o raciocínio fino da politicagem é arquitetado por marqueteiros inescrupulosos e sofistas com base na desconstrução. Perde-se a noção da ética e do real. Ataca-se o adversário com o único fim de o destruir. Não se discutem seus argumentos ou suas propostas. Atira-se nele com chumbo grosso como se atira numa peça de caça. Entre os representantes executivos, legislativos ou judiciários , é esquecido o país e os grandes problemas são reduzidos a interesses imediatos. A economia está periclitante, a Lava-Jato continua tentando barrar a corrupção nos altos escalões políticos e empresariais. A Petrobrás está aí com a roupa que cobre seu corpo manchada e à volta de sua figura cambaleante e moribunda a ameaça de que a moral que a está envolvendo passe a ser a mortalha do país que é dono dela.
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