RIR E CHORAR
Aos treze anos já pensamos em muita coisa sobre a vida, mas não chegamos a compreender muito bem certos assuntos. Às vezes tudo nos parece simples, às vezes bem complicado. Às vezes nos sentimos eufóricos e, de repente, ficamos tristes, tristes, sem motivo algum.
Eu me lembro que sonhava. Acordada ou dormindo, sonhava. E também passei por dias atormentados, sem saber ao certo o que me atormentava. Nessas horas, a companhia da família já não me satisfazia, eu queria algo diferente.
Quando estava com minhas amigas, ríamos muito, chorávamos de tanto rir. Por qualquer bobagem. Ríamos do nada.
Certas noites, sozinha em meu quarto, eu chorava. Sem saber por que, chorava.
Nessa idade eu já pressentia o amor e imaginava que fosse uma gostosura sem fim... Porém, na verdade, nunca havia amado ninguém, nunca tinha sido amada, a não ser por meus pais, avós, tias e tios. Mas isso era outro assunto, não era nesse amor que eu pensava.
Havia um garoto na vizinhança que chamava muito a minha atenção. Era mais velho do eu, devia ter uns dezoito anos. Ele falava de Machado de Assis, de Jorge Amado, de Sartre... Eu não entendia direito, mas achava lindo. Adorava conversar com ele.
Beatriz Cruz
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