Era uma classe de segunda série e naquele dia treinávamos expressão oral. Eu fazia perguntas e os alunos, de um em um, tinham que responder com clareza, prestando atenção às palavras e às concordâncias. Como estávamos em vésperas de feriadão, todos queriam contar para onde iriam e o que fariam.
Deu praia do Guarujá, Rio de Janeiro, sítio em Atibaia, hotel-fazenda não sei onde...
Quando chegou a vez do Pablo – a quem eu chamava de Pablito meu amor – ele estava agitadíssimo. Ia ao Paraná. Casa do avô. Fiquei até emocionada com a alegria do menino em rever seus avós. Fui perguntando: está com saudade da vovó? ... Vai passear com o vovô?...
Mas o garoto só respondia: é... é...
De acordo com nossas regras, respostas assim não valiam. Achei melhor mudar a questão, por esta razão, e para satisfazer minha curiosidade por toda aquela agitação. O que é que há de interessante por lá?
Aí os olhinhos do garoto brilharam. Minha prima! Falou ele com muita emoção.
Ah! Vai brincar com a priminha – disse eu – quantos anos ela tem?
E foi então que veio a inesperada e inesquecível resposta:
Quinze, tia, quinze!... É um avião!