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Discursos-->Brasil Perde o seu maior Trambiqueiro -- 26/06/2004 - 14:43 (x) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A morte de Leonel Brizola ensejou a produção de uma enxurrada de artigos que afirmaram haver sido concluído um ciclo com o evento, que teria marcado o fim de uma era. Será verdade? Sim e não, dependendo do que se entende por isso.

Brizola, assim com todos os políticos populistas carismáticos de sua geração, foi produto de um conjunto de fatores. O mais importante é a sua determinação pessoal de fazer da carreira política o seu meio de vida, a sua profissão, por assim dizer. Foi a marca característica de muitos dos líderes políticos do século XX. Aqui o "profissionalismo" tem que ser entendido com toda a sua carga negativa, visto que o perfil desses homens é marcado pelo arrivismo, pela falta de escrúpulos, pela demagogia escancarada, valendo todos os vícios possíveis para conquistar e se manter no poder.

Brizola cumpriu esse figurino. Ensaiou até mesmo começar uma guerra civil, apeado que foi do poder pelas armas, querendo voltar por elas. Felizmente, falhou nesse intento insensato, graças ao patriotismo e à determinação dos comandantes militares que combateram a subversão nos anos sessenta e setenta.

Mas o fenômeno Brizola deve ser colocado em seu contexto devido. Foi possível porque ao seu tempo o Brasil era um país que se urbanizava rapidamente, mas a mentalidade de sua população era rural, crédula, e ela tinha no rádio o único instrumento de comunicação de massa. Seu discurso tornou-se velho quando essa massa tornou-se urbana e quando veio a televisão. Não por acaso seus últimos anos revelaram um grande fracasso eleitoral, porque se manteve fiel ao discurso, ao método e às idéias originais. Não mais haviam ouvidos para ouvir. Desse ponto de vista, seu passamento marcou o fim de um tempo.

No entanto, a figura do "profissional" da política, homens e mulheres que nunca tiveram qualquer atividade produtiva, ou se a tiveram a largaram para sempre, continua como sendo a realidade das democracias de massa. O discurso mudou na forma, mas na essência é igual aos velhos populistas do passado. Os casos de Lula, de Hugo Chávez e de Nestor Kischner estão nesse figurino. A mensagem do distributivismo, do Estado-paisão-que-paga-tudo, do viés socialista está presente como nunca. Os meios são outros, todavia. Os partidos estão mais bem organizados, controlam os formadores de opinião e a comunicação televisiva tornou-se decisiva para os "profissionais" que em ação hodiernamente.

Hoje, a principal figura de uma campanha política, depois do candidato, é o publicitário, algo emblemático. Quem não se modernizou, como Brizola, perdeu espaço no "mercado" dos votos. Esse é o segredo do seu fracasso, que foi a fórmula vencedora nos anos cinqüenta.

O legado de Brizola não poderia ser mais negativo. Uma tentativa de guerra civil, um desastre na segurança pública do Rio de Janeiro, um fracasso em se tornar um pólo gerador de estabilidade. Eu não consigo listar nada de bom se sua lavra, exceto que chegou ao poder pelo poder e nele enriqueceu. Para mim não é medida de sucesso, apenas de seu caráter "profissional". E, desse ponto de vista, sua morte nada significa, pois seu (mau) exemplo deixou muitos discípulos.

Os "profissionais" hoje dominam o Estado brasileiro em todas as suas instâncias, em prejuízo dos que trabalham e produzem a riqueza desse País, os empresários e seus empregados. A carga tributária tem o tamanho que tem, e eleva-se paulatinamente todos os anos, por obra dessa gente que não tem idéia de como as riquezas são geradas e como devem ser distribuídas de forma justa. São alienados no sentido exato da expressão, o de "falta de consciência dos problemas políticos e sociais". São o oposto do que pensam ser.






José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.

www.nivaldocordeiro.org

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