EU PERDI MINHA GALINHA
Aconteceu na estação de esqui, no último dia, durante o café da manhã. Logo viajaríamos de volta a Paris e nossas bagagens estavam amontoadas no corredor. O grupo era grande e ninguém tinha pressa. Tomávamos sossegados o café quando levamos todos um susto.
Feito um furacão, entrou na sala a senhorita Flores, a colega mexicana, gritando histérica: Eu perdi minha galinha! Quem viu minha galinha? E ia de um lado para outro, procurando sua “poule”. Puxava as malas no corredor, revirava tudo, sempre falando. Procurava que procurava a tal da galinha. Ninguém viu minha galinha? Eu preciso da minha galinha!
Ficamos atônitos, pensando que ela havia enlouquecido. Tínhamos que fazer alguma coisa, não podíamos deixá-la naquele estado. Alguém criou coragem e foi conversar de mansinho com ela. Soubemos, então, mais detalhes sobre a galinha. Ela é nova, eu comprei em Londres! É tão bonita a minha galinha...
O jeito foi fingir que procurávamos também, afinal, estávamos curiosos. Que história mais estapafúrdia!
Finalmente a senhorita Flores deu um gritinho. Encontrou sua galinha debaixo de umas sacolas! Todos se aproximaram, loucos para ver, mas nada de enxergar bicho nenhum. A mexicana, então, exibiu-a toda contente, agitando a “poule” no ar.
Em suas mãos estava um puro cashemir cinza, de gola alta. Lindo de morrer.
Tudo isto porque na França o pulôver é chamado apenas de “pull” e a galinha é “poule”...
Beatriz Cruz
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