Era um gibi do Garth Ennis, Hellblazer, a história de John Constantine. Tinha lá um cara que tinha uns acertos pra fazer com o céu. Sei lá como (nunca achei o começo da história), esse cara acaba capturando um anjo (nas histórias do Constantine volta e meia alguém captura ou é capturado por um anjo ou demônio).
Pois então, o cara captura um anjo, e de raiva corta as asas do bicho! Como vocês devem imaginar, asas de um anjo são para ele uma coisa importantíssima, não só como parte de sua natureza, mas também como um símbolo, como a manifestação visível daquilo que o torna superior ao ser humano.
Na verdade, eu sei, nem deveria ser assim, se um anjo é uma criatura tão purinha e bonita, não devia sair por aí se orgulhando e esfregando as porcarias das asas na cara daqueles que não as tem... Mas o fato é que esse anjo específico (como a maioria dos anjos retratados pelo Garth) era vaidosão.
E chorava. Chorava enquanto o cara lá cortava as suas asas com o "bisturi mágico". Chorou, levantou, vestiu um capote e antes de cair no mundo dos homens perguntou:
"-- Por que é que gente como você não pode ver uma coisa bonita, pura, linda, perfeita e feliz e deixar por isso mesmo? De onde vem esse impulso maldito que os leva a destruir tudo o que é bom?"
O cara olha pra ele, gospe no chão e responde:
"-- Enquanto você tiver que perguntar nunca vai descobrir."
Tá, é o que é, mas vai negar que é legal? |
