Registro*
Na noite de 7/6/1993, fui à Estação Rodoviária de Brasília com a Chrisinha trocar, em determinado jornaleiro, algumas revistas da Mónica que tinha comprado antes de saber se ela já as possuía.
Fomos muito bem atendidos, fizemos a permuta e adquirimos outros exemplares.
Tivemos de ir à banca seguinte procurar livro para pessoa amiga que nele estudaria para submeter-se a concurso público.
Na caminhada, podemos observar a situação de muitos elementos: uns corriam apressados para tomar ónibus, outros o aguardavam de pé; crianças sujas e maltratadas aglomeravam-se no chão, debaixo da escadaria; homens bêbados e esfarrapados pronunciavam coisas desconexas; mulheres sem vitalidade e sem esperança abordavam transeuntes; comerciantes, alheios a tudo, atendiam a fregueses que pediam caldo de cana, pastel, refrigerante, cigarro etc.
Aproveitei para lembrar-lhe que nem todos têm o privilégio de alguns. É preciso agradecer a Deus os dons recebidos e fazer algo pelo semelhante.
Recordei, também, que aquele lugar - há mais de 3 décadas, quando eu tinha apenas 15 anos (3 a mais do que ela) - era preferido por mim para passeios aos domingos; naquele tempo, Brasília começava a desenvolver-se e não tinha (é lógico) os problemas de hoje e os malefícios da cidade grande.
Fiz questão de registrar esse fato porque julguei digno de nota passar com minha filha (já adolescente) no local onde vivi tantos momentos felizes de minha mocidade.
Enfim, o mundo não para, e cada um percorre seu caminho sem pensar nos acontecimentos que poderão surgir e comover.
* "Antologia de Poetas e Escritores do Brasil - 1995", Brasília (DF): Grupo Brasília de Comunicação, 1995, pp. 37 e 38.
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