São Paulo, 24 de Dezembro de 2000.
Prezados Amigos
Devido a uma serie de problemas que eu vinha enfrentando acabei ficando alguns dias sem escrever para vocês, mas isso me incomodou muito, pois gosto muito de escrever para todos vocês, hoje eu estava me lembrando dos natais que se passaram, alguns felizes e outros tristes, pois no mundo sempre teremos aflição, teve uma véspera de natal que ficou guardado no meu coração, não me lembro muito bem o ano, mas eu deveria ter uns nove anos, nessa época minha família era muito pobre, não tinha muitos recursos financeiros, e sempre no natal todos gostam de vestir roupas e sapatos novos, e eu como qualquer outra pessoa fui pedir roupas novas para o meu pai, mas ele não tinha dinheiro para comprar, fiquei muito chateado com isso, chorei muito, mas entendi a situação financeira dele, me arrumei para a comemoração de natal, com minhas roupas velhas mesmo e fiquei em casa até o momento de partirmos para a casa de meus parentes, mas quando estava preste a dar a hora de sairmos, chega o meu pai com um sacola, e dizendo que aquilo era para mim, quando eu abri a sacola vi uma camiseta de viscose azul, fiquei muito contente pelo meu pai ter feito aquele esforço todo, e ter dado a mim algo que ele não poderia dar, sempre serei grato a ele por tudo que ele fez a mim, hoje eu já ganhei computador, escolas, cursos, enfim ele já me deu coisas muito mais valiosa que aquela camiseta, mas nenhum presente ficou mais marcado no meu coração do que aquele, pois a circunstancia que ele me deu me marcou muito, pois deu o que não poderia ser dado, simplesmente por amor
É exatamente isso que está faltando no mundo, o dar simplesmente por amor, sempre damos o nosso carinho, o nosso tempo, algumas regalias pensando em um retorno, nunca queremos sair de um lugar com algo materialmente inferior aquilo que foi investido, sempre queremos mais, tornado-nos pessoas egoístas, pensando apenas no nosso bem estar, no que realmente nos agrada, o que me agrada é o carinho, não cobro nada de ninguém, quero o amor involuntário, e o mundo seria muito melhor se todos nos deixássemos o materialismo de lado e olharmos o mundo com o sentimentalismo.
Anjo da Noite
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