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Humor-->ANO 2101 -- 19/02/2002 - 17:01 (guido carlos piva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Zero hora, primeiro de Janeiro de 2101... Um clima de euforia paira pelos ares: o grande Universo está em festa. No planeta Terra, o século XXII se inicia, um novo dia; um novo ano, um novo tempo! Foguetes interplanetários, teleguiados pelas crianças terrestres, zunem e riscam o céu do velho planeta Terra. O fenômeno “El Hombre” que, em finais do século XX, fora chamado de “El Niño”, ainda influencia a temperatura do Sistema Solar I.
Enquanto isso... Cosmoneuso, terráqueo de quatro costados, cosmopolita interplanetário, suavemente aterriza sua autonave, modelo “BMWJAT2101”, na suspensa e ampla garagem de sua flutuante cosmomansão localizada bem abaixo da linha imaginária do antigo Trópico de Capricórnio. Após desligar o motor de sua possante máquina interplanetária, desce com uma inflável e flutuante mala de viagem. Sua esposa, feliz, vem abraçá-lo:
— Feliz ano novo... Cosmoneuso! — era, Xaxacosmos VI, tataraneta de uma antiga e famosa terráquea de nome Xuxa que, em finais do agitado século XX, obtivera muito sucesso em programas transmitidos pelos ultrapassados e arcaicos televisores de antenas parabólicas.
— Feliz ano novo, Xaxacosmos!... E o nosso filho Androfobil, onde está?
— Volta já... Ele foi ao planeta Urano buscar a namorada Copolina. Sabe como é... Hoje é dia primeiro de ano, com certeza estão querendo comemorá-lo juntos. Devem estar desgastados com a cansativa rotina de fazerem sexo via telepatia. Mas e você, por que não chegou mais cedo?
—Xi! Xaxinha, nem é bom comentar! Você sabe como está nosso trânsito no espaço, a cada dia que passa torna-se pior! Você precisava ter visto o engarrafamento que enfrentei nos anéis de Saturno! Não havia Cristo que conseguisse passar! Não era à toa que os “flanelinhas” do espaço, os “laser-boys”, com tubos de raio-laser, tentavam, a todo custo, limpar os vidros das autonaves enfileiradas. Sem contar com a multidão de seres extraterrestres que displicentemente bebia, cantava e comemorava a passagem de ano! Havia mais de mil autonaves esparramadas por todo o leito da Via Láctea II. Que sufoco! Depois desses transtornos, não houve outro jeito, motivado pelo rodízio obrigatório de placas e cores, das autonaves proibidas nesta semana de rodar, tive que vir cortando caminho, desviei de Marte e vim por Júpiter. Ufa! Ainda bem que cheguei! Para você ter uma idéia do que passei, levei do planeta Plutão até aqui, mais de quarenta e cinco minutos!
— Nossa!... Que calamidade! Você quer evitar, mas não há outra maneira, teremos que mudar para o Sistema Solar II. Dizem que lá é uma maravilha! Um silêncio... Uma Paz que não se encontra mais em nenhum outro local do Universo! A nossa vizinha, Xilézia, comentou que lá os animais são todos feitos por encomenda. As vacas são movidas à energia solar, os cachorros de plástico indestrutível e as corujas são feitas de vidro inquebrável! Todos eles com regulagem automáticas anti-ruídos. Imagine as vacas não mugirem, os cães não ladrarem e as corujas não piarem! Já pensou? Um sossego! Um silêncio que dá gosto de se “ouvir!”.
— Xi! Pode parar... Lá vem você outra vez com sua conversinha de querer ir morar no campo. Você está cansada de saber que não me acostumo com o silêncio, e tem mais, a Mildas, minha atual mulher-robô de Urano, está grávida de quinze dias. Há três dias, estava prestes a dar à luz ao nosso primeiro filho! Tive que, às pressas, chamar um obstetra-cosmos para fazer uma regulagem urgente nos eletrodos espaciais de seu abdômen. Nessa altura o nosso rebento já deve ter nascido! Ah!... Quanta felicidade pela alegre chegada de nosso hermafrodita encomendado!
— Ah!... Não me diga! Que bom vocês terem escolhido para que ele nasça hermafrodita. Que sábia decisão! Mas fale-me: quando nascer, qual será a tendência sexual dele?
— Ah!... Essa sua cabecinha! Sei lá... Como vou saber. Optamos para que nasça hermafrodita por isso mesmo! No Universo de hoje em dia não se pode imaginar à tendência sexual que alguém possa ter! Você não viu o que aconteceu com a filha de nossa amiga Galatéia? Desmanchou o seu relacionamento com aquele tal de Caronte e foi juntar-se com um gorila, professor de Mercúrio, que fala e escreve corretamente 103 idiomas! Eu e a Mildas fizemos a nossa parte. Decidimos deixar para que ele ou ela, sei lá... Resolva o que irá querer fazer de sua vida. Tanto que o escolhemos para que nasça hermafrodita! Programamos tudo: seu nome será Andróginus. Quando nascer terá trinta anos de idade, três metros de altura e já formado em Medicina Espacial Complexa... E, graças a Deus, com um emprego garantido numa indústria tradicional de Clonagem de Humanos em Dolineilândia, a maior cidade do planeta Netuno.
— Poxa! Que bom Cosmoneuso! Acho que vocês fizeram bem! Com um emprego tão próximo, o seu hermafrodita poderá facilmente ir e voltar para almoçar em Plutão!
— E você, se curou daquela sua dor de cabeça?
— Ah!... Que vergonha em ter reclamado tanto! Preocupei-me à toa. Fiquei pensando em tanta bobagem! No entanto, era uma simples “Aidesinha!” Bastou que eu tomasse meio comprimido de Aidesril... E pronto! A AIDS sumiu!
— Viu!... Bem que eu tinha falado para não se preocupar!
Nisto, chega Androfobil, o filho do casal acompanhado de sua namorada Copolina. Ela, puxando, displicentemente, um tubarão falante espacial de estimação e, acintosamente, usando a mais nova moda do Espaço Sideral: uma espada de néon de luz intermitente, atravessada na garganta!
— Oi pai! Como vai? Desculpe a nossa demora. Em meio ao caminho tivemos que deixar o carangocosmos na Lua. Viemos de motocosmos. O carango estava com problema, não andava! Na décima-terceira marcha não ultrapassava a velocidade de 22.000 quilocosmos por hora: com essa lerdeza, sabe-se lá quando eu iria chegar aqui! Também, pai... Ele está uma sucata! Amanhã irá fazer seis meses de que eu o ganhei de presente do senhor!
— Opa!... “Pera aí!... você continua o mesmo... hein! Sempre reclamando! Nunca está satisfeito! Sossegue garoto... este ano eu compro outro pra você! E o futebol, como vai?”.
— O time está bem! Só que, no domingo passado, fomos jogar no interior, lá nos planetas do Sistema Solar III. Um inexperiente robô-juiz, estava com segundas intenções: roubou o que podia roubar! Perdemos de 44 a 12. Agora, estou esperando... Só quero ver quando eles vierem jogar em nosso campo na China de Mercúrio. Com toda torcida a nosso favor, vamos à desforra... O senhor vai ver!
— Você não muda o seu jeito mesmo! Sempre arrumando uma desculpa para a derrota. E a seleção da velha Terra... Será que ganha a próxima Copa do Universo?
— Assim espero. Com o Pelécosmos IX, fazendo o meio campo, não tem pra ninguém! O crioulo é bom demais! Se bem que a seleção dos Plutãogays está tinindo! Dizem que ela é franca favorita. Se não der Terra, acredito que ela vença: estão muito entrosados! Também, pudera pai!... Eles são todos amasiados, um com o outro. Além disto, eles têm um robô-técnico que é fantástico: um tal de Zagallocosmos, ele é o máximo pai! Foram buscá-lo em uma região da Velha Terra chamada Brasil, que, em tempos idos, chegou a ser chamada país do Futebol!
— Xi! Filho, isso faz muito tempo!... É do tempo da Internet! Não acredito que eles possam ganhar, acho que a seleção de Marte papa essa. Com aqueles três olhos na testa e aquelas antenas, ninguém consegue ver e cabecear melhor do que eles! Em bolas altas eles ganham todas. Mas e os seus estudos? Como estão?
— Pai... Uma droga! Fiz o que o senhor me recomendou: tomei uns quatro vidros de extrato de matemática espacial, e não adiantou nada! Mastiguei devagarzinho, engoli tudo direitinho, senti o gosto, mas em pouco tempo esqueci tudo! Tenho que voltar à Bibliocosmos e comprar mais uns dez vidros... Aí sim, quem sabe aprendo! Também pai, quem mandou o senhor não ter programado a maneira de como eu deveria nascer? Já poderia ter nascido formado. Agora é tarde! Mas não se preocupe, eu e o meu amigo Virtuosíssimus combinamos: nas provas finais, ele irá passar-me cola por telepatia cósmica explícita. Pode ficar tranqüilo, este ano eu pego o canudo.
— Muito bom que eu fique tranqüilo mesmo. Está na hora de você se formar, trabalhar e cooperar financeiramente com o custeio da família. O custo para se poder viver neste Universo está os olhos da cara! Imagine, gastei, dia destes, num Bingocosmos, lá nos planetas novos, mais de um milhão de realcosmos em apenas trinta minutos de jogo; se bem que acabei ganhando uma espaçonave que cabe mais de duzentas pessoas. Vai da Terra ao Sistema Solar V, em sessenta e cinco minutos, é meio morosa; contudo, já é alguma coisa!
— O senhor tem razão. Não se preocupe com tanta morosidade, meu professor de Cosmologia Avançada disse que do jeito que as coisas estão evoluindo, daqui a poucos anos, com um simples pensamento, qualquer pessoa que esteja aqui na Terra, poderá estar jogando pôquer ou xadrez com quem já tenha morrido e esteja no céu!
— É filho, coisas dos tempos atuais, em pensar que no tempo de meu trisavô, um carrinho de Fórmula I atingia a ridícula velocidade de 400 Km por hora! É... Os tempos mudaram!
— E você pai, resolveu quando desejará morrer?
— Em princípio tinha programado para morrer este ano... Mas pensei melhor, com o nascimento de Andróginus, resolvi viver mais um pouco. Não vou mais querer morrer agora! Mildas diz que sou muito novo! Inclusive tomei uma aplicação na “máquina-de-viver-mais” e vou ficando por aqui; além do que, desde o surgimento do “Paraíso Blue”, o novo SPAcial da Galáxia Nova, virou moda querer viver mais. Dizem, de tanta gente, lá quase não se encontra mais lugar para ficar!
Em meio à conversa, ouve-se Xaxacosmos chamando todos para comerem a ceia de faisão à Saturno, regada ao molho de Estrela Dalva com salada de pétalas de flores recém colhidas em Marte...

Naquele instante, pelas janelas da cosmomansão, avistava-se cometas, estrelas cadentes e naves interplanetárias em velocidade vertiginosa, riscando e cortando o terceiro céu... Enquanto em todo Universo, mas em todo Universo mesmo... Ouvia-se uma antiga canção:
“Adeus Ano Velho... Feliz Ano Novo... que tudo se realize no ano que vai nascer... Muito dinheiro no bolso... saúde pra dar e vender...”

O que sobrou da história:

“EM TODA MODERNIDADE...
SEMPRE HAVERÁ UM RESTO DE SAUDADE!”

P.S. - vocês não ouviram a música que cantavam?

GUIDO CARLOS PIVA
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