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Contos-->O NOVIÇO -- 13/04/2000 - 18:09 (Javert Denilson) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Depois de enviar carta após carta, não agüentei o desespero. Resolvi pedir ajuda pessoalmente à Vossa Reverendíssima. Caminhei para a Igreja com aquele medo parasita que sempre me acomete. E como num passe de mágica, a monumental Igreja estava bem diante de meus olhos. Criei coragem e entrei. Deparei-me com toda grandiosidade de seu interior. Um noviço apareceu e, com seu ar de jovialidade, veio em minha direção. Como se já soubesse da visita pediu-me para acompanhá-lo. Fui caminhando a passos lentos. E aquelas imagens... Não suportava olhar para aquelas estátuas. Os santos têm o tamanho de um ser humano. Seus semblantes são perfeitos e tristes. Com um olhar de suplica aos céus. O olhar humilde e compenetrado. Assustavam-me. Da mesma forma como me assombravam quando eu era criança. Eu era um ingênuo ao pensar que aquelas estátuas fossem pessoas empalhadas. E, como um ser humano normal, cresci com este trauma ainda insepulto.
O jovem me indicou onde deveria entrar e depois se afastou. Dei alguns passos para dentro de uma sala. Ela estava vazia. Com a exceção de um outro noviço. Bem mais jovem ainda. Olhava fixamente a paisagem através de uma grande janela. Quando percebeu minha presença veio em minha direção. Cumprimentou-me cordialmente e disse que estava aguardando minha chegada. Explicou-me que as correspondências foram lidas pelo Bispo. Só que ele não pôde me atender, por estar ocupado com outros problemas mais importantes. Mas aquele noviço estava ali à minha disposição. Caminhamos para fora. Atrás da Igreja havia uma grande horta. À medida que andávamos por entre os canteiros, o noviço me transmitia conselhos que hoje não me lembro mais. Ele cuidava tão delicadamente de seus legumes que parecia um anjo criando nuvens. E tratava igualmente a mim, um homem perdido em meio a dúvidas. Eu sentia tranqüilidade em suas palavras, sua paciência e sua dedicação.
Hoje, mais do que nunca, precisava vê-lo novamente. Não consigo enviar-lhe carta alguma: perdi o endereço. Não consigo achar sua Igreja: não sei mais o caminho. Nem ao menos me envia um sinal. Uma luz. Eu ainda preciso muito de sua iluminação.
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