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Artigos-->A caixa-vermelha do Petê -- 20/10/2003 - 11:38 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“O tesouro vermelho do PT...



MÍDIA SEM MÁSCARA, 9 DE OUTUBRO DE 2003



Decerto o velho Marx está revendo seus conceitos na tumba. Vivendo uma incrível exuberância financeira, o PT lança campanha para ter 1 milhão de filiados e arrecadar R$ 150 milhões em 2004. Essa história está em "1984", de George Orwell



Carlos Hugo Studart (*) - O PT cresceu, enriqueceu e quer mais. Na segunda-feira 6 de outubro, o partido lança em todo o País uma agressiva campanha de filiação para conquistar 5 mil novos militantes por dia. A meta é saltar dos atuais 500 mil filiados para mais de um milhão ainda este ano. Velhos e novos militantes, todos têm de entregar pelo menos 1% de seus rendimentos para o caixa do partido. Em todo o País estão sendo instalados 1,5 mil outdoors, distribuídos 3 milhões de adesivos e 350 mil folders didáticos, num investimento de R$ 850 mil (além de R$ 3 milhões para a campanha de TV).



Em outro claro sinal de que os problemas financeiros ficaram no passado, o partido inaugurou a 29 de setembro sua nova sede nacional. Fica em Brasília, tem 600 metros quadrados em forma de pétala e aluguel de R$ 22 mil mensais. A rígida contabilidade do partido registra que R$ 661 mil foram investidos em decoração, móveis e equipamentos. "Merecemos, sem falsa modéstia, ter chegado até aqui", comemorou o ministro José Dirceu, da Casa Civil, durante a inauguração.



O PT chegou ao poder com 400 mil filiados e conquistou mais 100 mil em seus dez meses de governo, 11 mil por mês. No momento, o partido vive também a maior expansão financeira de sua história de 23 anos. Em 2002, ano eleitoral, o partido arrecadou cerca de R$ 60 milhões em todo o País, segundo as contas oficiais. Este ano deve amealhar cerca de R$ 120 milhões, equivalentes a US$ 40 milhões, o mesmo que o Partido Democrata dos Estados Unidos disse que gastou na eleição presidencial de 2000. "Não queremos fazer caixa, vamos gastar tudo o que for arrecadado no crescimento do partido", revela o secretário de Finanças Delúbio Soares.



Como se chega a essas contas? A arrecadação oficial deste ano aponta para R$ 83 milhões. Desses, R$ 23 milhões são verbas legais do Fundo Partidário; R$ 60 milhões são contribuições obrigatórias dos filiados. Deve-se somar ainda pelo menos R$ 30 milhões que a militância gasta com faixas, gasolina e alimentação, que não entra na contabilidade do partido. Com a campanha de expansão dos filiados, de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões extras deverão entrar, um quarto este ano. Para 2004, o PT já começa o ano com um orçamento de R$ 100 milhões, mais R$ 50 milhões da militância. "Nosso maior capital é a capacidade de organizar as massas", diz o presidente da legenda, José Genoino.



Há um triunvirato de executivos operando a expansão do PT. Além de Genoino e Delúbio faz parte dele o secretário de Organização, Sílvio Pereira. Delúbio é o administrador de tudo. Tem um poder bem acima de suas funções oficiais. Goiano, foi um dos que mais estimularam o conterrâneo (e contribuinte oficial do PT) Henrique Meirelles a entrar para a política. Mais tarde, participou da reunião que discutia o convite a Meirelles para presidir o Banco Central. Lula bateu o martelo quando Delúbio lhe entregou um jornal de Goiânia, o "Opção", com as idéias do banqueiro sobre como derrubar a inflação.



Depois da posse de Lula, Delúbio arrastou 150 petistas, entre prefeitos e deputados, para uma festa na fazenda de seu pai, em Buriti Alegre. "Tenho muitos amigos", diz. Ele é casado com Mônica Valente, ex-chefe de gabinete da prefeita Marta Suplicy e hoje secretária de Administração de São Paulo. Eles moram num apartamento no elegante bairro dos Jardins. "Estou lá há 14 anos", contabiliza. Delúbio adora charutos cubanos. Em Brasília, mantém uma caixa de Partagás (R$ 1.130) e outra de Cohiba (R$ 2.480). Por vezes, fuma dois de uma vez, um em cada sala. "São presentes de um amigo", explica. Veste-se de forma sóbria, sempre de terno, e usa um velho relógio Citizen de titânio. "Custou US$ 100", conta. "Tenho que me adaptar ao salário de R$ 5 mil que o partido me dá."



O terceiro membro do triunvirato, Sílvio Pereira, também é o pivô do partido. Domina o mapa de 17.897 cargos federais de confiança. Já foram nomeadas 5.642 pessoas - ainda há 12.225 vagas a preencher. O PT tem uma tabela de contribuição obrigatória para os cargos de confiança, entre 6% e 20% do salário.



A deputada tucana Yeda Crusius está acompanhando de perto cada nomeação. Segundo seus cálculos, o partido deve arrecadar este ano entre R$ 40 e R$ 50 milhões com o dízimo. "O PT está usando o dinheiro do meu imposto para financiar sua expansão", diz. "Desse jeito, vamos terminar com um partido único", alerta. O presidente Genoino garante que o valor do dízimo não é significativo. Mas o fato é que quanto mais o partido cresce, mais rico fica.



A alegoria política "1984", obra prima do pensador inglês George Orwell, conta a história da conscientização de um cidadão comum sobre o mundo de repressão total e mentiras coletivas no qual vivia. Em determinado momento, o personagem principal encontra um livro dentro do livro, "Teoria e Prática do Coletivismo Oligárquico". Trata-se, na verdade, de um pequeno tratado de ciência política, ou de sociologia jurídica, dependendo do ponto de vista, um manual sobre como um grupo organizado pode tomar de assalto um Estado e, em nome dos interesses coletivos, cuidar dos próprios interesses. Essa usurpação é o que academicamente se define por oligarquia. Orwell consegue ser ainda mais cínico e direto do que Maquiavel em "O Príncipe".



Etimologicamente, oligarquia significa o governo de poucos, isto é, o domínio exercido por um grupo fechado, de pessoas ligadas entre si por vínculos de sangue, de interesses ou outros, e que gozam de privilégios particulares, servindo-se de todos os meios na busca de sua conservação. Ao longo das páginas da obra de Orwell, consegue-se visualizar com precisão as oligarquias coletivistas que estão sendo formadas tanto nas empresas globalizadas, quanto em algumas igrejas evangélicas ou partidos políticos. Como o PT, por exemplo.



O ponto central é o de que o bem não é propriedade privada, mas coletiva. Por exemplo: o jatinho é da empresa, a BMW é da Igreja, os charutos cubanos são da direção do partido --apesar de serem objetos do usufruto dos executivos ou dos bispos. Em "Teoria e Prática do Coletivismo Oligárquico", Orwell descreve como cooptar os melhores cidadãos para "o partido de dentro" e, principalmente, como adestrá-los e corrompê-los para que perpetuem os interesses da oligarquia. Vale à pena ler -ou ler de novo, agora sob novo olhar.



(*) CARLOS HUGO STUDART, jornalista e historiador, é editor do site www.direito.com.br”









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