Minha prezada amiga...: o humor carece de certo exagero nas tintas.
Nada contra o inglês, my friend. Nem contra o conhecimento, nem contra a necessidade muito humana de acumular sabenças, sejam elas
quais forem. Minha implicância com os irmãozinhos do Norte é puramente existencial, coisa de quem sente o relho no lombo e não se conforma em ter de falar a língua do patrão. Releve a caturrice de
quem também reconhece que os tempos são outros e que absorver a cultura alheia poderá ser o melhor caminho de um dia poder engoli-la.
Não duvido do que seja capaz nossa gente inzoneira, só que certamente nenhum de nós viverá o bastante para conferir.
Gostei muito da sua carta em que carinhosamente referia-se a mim como criança. A informática, minha prezada amiga, é um mundo tão vasto mundo que não me chamo Raimundo pra me perder na procura de trilhas e caminhos, esquecendo-me da paisagem e, pior, do que nele fui fazer. Uso o que sei desse mundo pro meu gasto diário, que é
muito pouco e não quero mais. Rabiscar alguns textos, gozar do prazer, como agora, de trocar correspondência com amigos, montar umas publicações no page-maker pra atender clientela fiel e benevolente,passear na net e jogar paciência. Só isso tá bom, já chega.
Ahn.. também uso a informática na redação burocrática, algo que me traz como único consolo o fato de que jamais, em tempo algum, escrevi
ou voltarei a escrever duas palavras pra mim merecedores de banimento da língua: apraz-me e outrossim.
No mais, socorra-me nos meus descalabros informáticos e saiba que tenho pelo povo dessa página apreço, amizade, consideração e saudade
- palavrinha aqui colocada dada a exclusividade de que se reveste e quem duvidar que me diga como é que se fala saudade em inglês.
Odir
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