Não há mesmo dúvidas do desejo entranhado nesses versos. Valentina
Convencido de que meu caminho
possui traçado já feito,
deixo-me levar, sem resistências,
ao vale de Valentina.
Miro o horizonte imenso
que se revela ante meus olhos,
prossigo em passos firmes
certo de que chego ainda
ao vale de Valentina.
Lá farei uma cabana,
erguerei paredes fortes,
acenderei uma fogueira
no vale de Valentina.
Depois, armarei a rede
entre árvores frutíferas,
e quando em vez algum fruto
cairá sobre o meu colo
enquanto durmo e sonho
no vale de Valentina.
Quero tirar a roupa,
lançar meu corpo à água,
banhar-me devagar
para ficar à vontade
no vale de Valentina.
Vou deitar-me sobre a relva,
despido de qualquer roupa
e mais ainda de qualquer pudor,
e fecharei meus olhos
enquanto sinto a relva em minha pele
como se fosse a pele da amada
no vale de Valentina.
Com uma das mãos
mexerei em mim mesmo,
devagar e bem gostoso,
imaginando ser a boca da amada
no vale de Valentina.
E me perderei em sensações
cheias de sentimentos,
e assim irei ao gozo
no vale de Valentina.
Mauro Velasco |