Lembrando o lampião do El Zorro Viroleño.
Lá está novamente a mulher
à beira da porta, na via,
debaixo do lampião,
quer seja noite ou dia,
debaixo do sol escaldante
debaixo da lua que esfria
contando as estrelas no céu
numa espera que cansa, entedia.
Ouve de todos que a espreitam:
-Espera inútil, tardia,
e sofre por dentro chorando
que só a esperança alivia.
E quando menos espera
onde há dor, cansaço e solidão,
bem de onde está,
embaixo do lampião,
avista de longe a figura,
que de braços abertos convida,
trazendo a saudade no peito
pra matar a paixão incontida.
E ali mesmo se beijam
embaixo do lampião,
testemunha inconteste da cena,
desse amor, dessa linda paixão.
Valentina Fraga |