Nasci de uma árvore frondosa com raízes profundas e firmes. Nenhuma intempérie da natureza era capaz de guilhotinar seus galhos. Cresci de uma inflorescência mirrada sem pretensão de amadurecer, visto que minha intenção era apenas suprir a necessidade fisiológica do ser.
A dificuldade de germinar era tamanha, devido à s condições adversas naturais de todo o processo natural de amadurecimento deste fruto cuja flor ainda era capaz de sentir a alegria de brotar no inóspito.
Mas a flor seguia determinada a germinar sem levar em conta sua dimensão frágil.
Frágil e limitada no enorme contexto arbóreo da qual fazia parte. Dia a dia, passo a passo ia tecendo o nascer de um fruto que rapidamente deveria estar amadurecido à s batalhas da sobrevivência. Sim... Teria que ser um fruto disciplinado, persistente e incansável. Na cadeia alimentar, teria que servir, mas antes seria necessário sorver a energia fotossintética e assim fluir, apenas com o único objetivo: alimentar.
Não tinha conhecimento de mais nada além de sua simples aspiração dentro da relatividade com que a vida se apresentava.
Amadurecia apenas com aquela intenção de doar-se. Não nutria outra necessidade que fugisse à sua tímida orientação. Quando chegou enfim, o momento de servir, viu-se que não estava mais preso a árvore.
O seu ciclo de amadurecimento estava prestes a alcançar o anseio de outros seres. Mas de repente, o fruto se viu solitário e perdido no enorme tablado da vida.
Os demais frutos o questionavam a respeito do gosto que, Ã época do amadurecimento deveria apresentar.
Pois é.... Cresci sem levar em consideração que todo fruto que se preze, deveria ter sabor e assim adequar-se ao variado menu de sabores. Caso contrário, seria eu margeada.
Nossa! Depois de tanto esforço, ser objeto de refugo na indústria de beneficiamento da vida ! Isso causava uma enorme angústia e ansiedade. Temia não saber no auge do seu amadurecimento o que era sentir o prazer de ser degustado.
Haviam outras frutas que a ele zombavam por sua completa imaturidade que ia na contramão da história natural da vida.
Reflexiva, seguia e sentia vontade de se reciclar no intuito de buscar sabor ao seu perfeito viver e tornar-se então uma FRUTA SABOROSA.
A natureza cobrava imputando-lhe essa responsabilidade de dar sabor à vida e sobretudo à ela(fruta). Quando num determinado momento, a conhecer outros frutos, percebeu a importància que devemos dar sabor e ter o prazer em viver. Simplesmente viver e sentir o sabor da vida ainda que relativamente tarde para seu estágio de maturação.
A fruta seguia insegura, pois no ano auge do seu relativismo, não tinha tanto know-how frente à s frutas mais viçosas e saborosas. À esse estágio, seus recursos seriam parcos e ultrapassados para satisfazer paladares, mas a ela caberia apenas sentir o prazer de ser: doce ou não. Pois só tendo e sentindo o prazer de ser ela do jeito que é, a história natural da vida completa o seu ciclo. Mesmo que não faça parte do menu.