O DIA ERA CALMO. TUDO FAVORECIA. O CALOR NÃO ERA INTENSO, E NÃO HAVIA CHUVA. O SOL FLERTAVA COM AS NUVENS, O CHEIRO DO MATO ERA INTENSO, POR CONTA DO CORTE DA GRAMA, FEITO BEM CEDO. O LUGAR ERA TRANQUILO. AS PESSOAS EM VOLTA, EM SUA TOTALIDADE DESCONHECIDAS, NÃO SE DAVAM CONTA DA NOSSA PRESENÇA. ERA TUDO PERFEITO.
ÉRAMOS FUGITIVOS DOS OUTROS E DE NÓS MESMOS. LEVAMOS ANOS ATÉ QUE A IDEIA FICASSE MADURA EM NOSSAS MENTES.
SERIA TUDO DIFERENTE. ÉRAMOS SÓ NÓS DOIS, EM UM MUNDO QUE NÃO ERA O HABITUAL. TUDO ERA DIFERENTE. HAVÍAMOS FEITO QUESTÃO ATÉ QUE AS ROUPAS FOSSEM OUTRAS, QUE AS COMIDAS EXPERIMENTADAS NESSES DIAS, FUGISSEM TAMBÉM DO PALADAR HABITUAL.
LEVARÍAMOS NA BAGAGEM, APENAS NÓS MESMOS. OS MESMOS OSSOS, MÚSCULOS, PELE, E AS MAZELAS QUE NOS PERSEGUEM COM A IDADE QUE TEMOS.
FARÍAMOS UM PACOTE DE TUDO QUE VIVEMOS ATÉ ENTÃO, NA TENTATIVA, DE GUARDA-LO EM LUGAR SEGURO PARA QUE FOSSE RESGATADO QUANDO VOLTÁSSEMOS.
O LUGAR ESCOLHIDO ERA PARADISÍACO. BOM PRA LER, PRA DORMIR, PRA RELAXAR E PRINCIPALMENTE BOM PARA AMAR.
TUDO TINHA CHEIRO DE FLOR MUITO DELICADA. CHEGAVA-SE À CABANA POR ALAMEDAS COBERTAS DE ACÁCIAS, COM SEUS CACHOS AMARELOS, CHEIOS E PENDURADOS SOBRE NOSSAS CABEÇAS. BEM PERTO PODIA-SE ESCUTAR O JORRO DE ÁGUA, PARECENDO CACHOEIRA MANSA. A CASA ERA FORRADA DE MADEIRA RÚSTICA, ACOMPANHADA DE CORTINAS DE SEDA BRANCA PRA CLAREAR O AMBIENTE. HAVIA UMA LAREIRA, POIS DIZIAM QUE À NOITE, ALÉM DO CALOR DOS NOSSOS CORPOS, O FOGO SE FAZIA NECESSÁRIO. BEM DECORADA, COM ESTILO E BOM GOSTO, FAZIA CAIR O QUEIXO. O BANHEIRO ERA BEM ATUAL, COM UMA HIDROMASSAGEM, ÓLEOS E SAIS DISTRIBUÍDOS EM UMA PRATELEIRA PRA ESCOLHA DO HOSPEDE.
NO QUARTO, A CAMA TOMAVA CONTA DE UM BOM ESPAÇO, TODA FORRADA COM COLCHA E ALMOFADAS EM TOM CLARO. UM ARMÁRIO PEQUENO COMBINAVA COM A PEQUENA TEMPORADA QUE PASSARÍAMOS ALI. UMA CÔMODA EM MARCHETARIA BEM TRABALHADA CONTINHA UM JARRO DE FLORES SILVESTRES, UM VASO COM ÁGUA E DOIS COPOS. LEMBRARIA DESSA IMAGEM PARA EXECUÇÃO DE UM QUADRO À ÓLEO, FAZENDO DESSE MOMENTO, ETERNO.
HAVIA NUM DOS CANTOS DO QUARTO UMA PEQUENA GELADEIRA, E ENTRE OS REFRIGERANTES E ÁGUA DISPONÍVEIS, UMA CHAMPAGNE PARA BRINDAR AO ENCONTRO.
DEPOIS DE ALGUM TEMPO, NECESSÁRIO PARA QUE NOS ACOMODÁSSEMOS, SENTÍAMOS QUE TUDO CONSPIRAVA A NOSSO FAVOR.
O CLIMA, O AMBIENTE, A ESCOLHA PERFEITA, E ALI, NÓS DOIS, ACOMPANHADOS DE TUDO QUE SONHAMOS ATÉ ENTÃO, PARAMOS EM FRENTE AO OUTRO.
SEM PRESSA, SEM O DIA A DIA MASSACRANTE, SEM ABSOLUTAMENTE NADA QUE PUDESSE DESVIAR NOSSA ATENÇÃO, NOS OLHAMOS, COM TODA A CALMA, SENTIDO NOSSOS PERFUMES, SENTINDO DE LONGE O CALOR DA PELE, QUE A ESSA ALTURA JÁ QUEIMAVA POR DENTRO.
POUCO A POUCO, NOSSAS MÃOS PROCURAVAM CADA ESPAÇO. AS BOCAS SE PROCURAVAM SEDENTAS DO BEIJO ESPERADO, E OS BRAÇOS SE MULTIPLICAVAM EM ABRAÇOS DE MIL MÃOS, EM TODAS AS PARTES.
ELE ME LEVOU PARA CAMA, QUE JÁ ERA PRÓXIMA E ME DEITOU SUAVEMENTE, SEM DESVIAR O OLHAR. AOS POUCOS, DELICADAMENTE, RETIRAVA MINHA ROUPA, OLHANDO CADA DETALHE DO MEU CORPO, COM OLHAR DE MENINO QUE VÊ BRINQUEDO. TOCAVA MEU CORPO, BEIJAVA MINHA BOCA, BEIJAVA MEU CORPO.
SUAS MÃOS PERCORRIAM MEUS CANTOS MAIS ESTREITOS, DESVENDAVAM OS MISTÉRIOS AINDA EXISTENTES.
FAZIA-ME DE DEMENTE EM SUAS MÃOS. COM OLHOS FECHADOS, QUERIA APENAS SENTIR TODAS AS SENSAÇÕES PROVENIENTES DAQUELES CARINHOS. MINHA BOCA PROCURAVA SUA NUCA, SEUS BRAÇOS, SUAS PARTES MAIS INTIMAS, E VIA QUE TAMBÉM NÃO ESTAVA ALI. TRANSITÁVAMOS EM UM MUNDO DE DELICIOSAS SENSAÇÕES, PROCURANDO ÁVIDOS POR SENTIR O MAIOR PRAZER E CAUSAR UM PRAZER MAIOR AINDA.
NAQUELE MOMENTO, NOSSOS SEXOS GRITAVAM PELA PRESENÇA DO OUTRO, QUERIAM SE ENCONTRAR, QUERIAM TORNAR-SE UM, ENCAIXANDO-SE PERFEITAMENTE UM AO OUTRO, COMO SE HOUVESSE POSSIBILIDADE DE VIVEREM SEPARADOS.
PEDI QUE DEITASSE, E LENTAMENTE, ACOMODEI-ME SOBRE ELE, E ENGOLINDO CADA CENTÍMETRO DISPONÍVEL, SENTINDO A PULSAÇÃO, SENTIDO CRESCER DENTRO DE MIM.
NÃO HAVIA MÃOS QUE DESSEM CONTA DOS ESPAÇOS À PERCORRER, NÃO HAVIA BOCA QUE PARASSE DE SE PROCURAR, E ASSIM, COM GESTOS DELICADOS E CONTÍNUOS, TIRAVA-O DO MUNDO E AO MESMO TEMPO, SENTIA O PRAZER TOMAR CONTA DO SEU CORPO, E ALI, NAQUELE VAI E VEM, DE QUEM NÃO TEM PRESSA, ENTREGARAM-SE AO MAIOR GOZO DE SUAS VIDAS, LONGO, PROFUNDO, GOSTOSO, DE TIRAR O AR, DE TIRAR A ALMA, TORNANDO-SE DOIS EM UM.
A CADA DIA, MAIS SE DESCOBRIA SOBRE AS DELÍCIAS DO AMOR, DO SEXO E DO PRAZER DE ESTAREM JUNTOS.
NÃO PODERIA SER OUTRO HOMEM QUE NÃO FOSSE AQUELE.
NÃO PODERIA SER OUTRA MULHER QUE NÃO FOSSE AQUELA.
E ESSES FORAM DIAS MARAVILHOSOS EM SUAS VIDAS.
VALENTINA
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