Não sabia de nada, mas tudo sentia. Por ser sensível, não permitia ir além da condição de exposição a que o sensível não consegue se garantir. Toda a sua vida sabia apenas o que lhe era permitido e não podia ter a ousadia do dar-se apenas por dar, pois fora iniciada num num momento divino que deveria ser respeitado. Do amor, uma passividade permeava suas ações tímidas e firmes. Pensava em ser feliz e livre, sem a nada transgredir e assim, no íntimo ser e sentir. É fera indomável e arisca, desconfiada.... Mas ansiava sempre a assistir o nascer do sol à porta da caverna escura, fechada e inóspita. Os caminhos que para lá levavam eram íngremes de mata densa com pouco espaço a luminosidade do instante mágico tão cobiçado por seres sedentos de comunhão espiritual.
Conseguiu sair, mas estava assustada com tanta luz que tinha receio de perder a visão. O eco de seus grunhidos não permitiam retorno dos seus mais nobres sentimentos. Se doava porque sentia e sentia porque viva ali estava.