A casa.... Caverna de um vão, só com uma entrada. Lá dentro as mobílias se fazem de sentimentos e recordações e o tempo pára, jogando tudo no breu do ar que preenche com os sonhos enjaulados o silêncio. Chave não há. Não precisa pois ninguém lá entra. O receio impera a quem está do lado de fora e a solidão aconchega querendo se afastar numa imensidão que não comporta. Um ser tão estranho e divino na generosidade se aproxima cuidadosamente com ar de compreensão sem nada exigir. E lá observa, tentando entender a vida é o ser que lá vivia. Fera medrosa, acuada que contemplava a escuridão sem nada entender. Acuada e quieta, tentado superar o limite da sobrevivência. Estudou o ambiente e o ser descalço e desnudo com uma única ferida que transpassava o eco da alma e que se encontrava com uma enorme crosta de cicatriz. Ele sentou, se aquietou com tudo aquilo que vira. Não estava vendo aquilo. Era surreal e inimaginável a fera acuada querendo se aproximar com rosnados a detonar sentimentos enclausurados. Chegou mais perto e sentiu o calor da pele fina e surrada, com cheiro de ambiente úmido e fechado. Encarou o olhar que perdeu-se pra se encontrar e falar.