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Contos-->Paulo, o desligadão (a saga de Jack, cap. 10) -- 15/10/2001 - 14:07 (Flavio Costa Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Paulo nasceu em uma cidade pequena e pacata do interior, cresceu sem enfrentar grandes problemas, aliás problema ele tinha um só, era muito desligado. Sempre que sua mãe pedia a ele para ir ao supermercado, era atendida prontamente, porém quando chegava lá era sempre a mesma estória, havia esquecido o que era para comprar, isso quando no meio do caminho ele esquecia aonde era para ir, tomava outro rumo e deixava sua mãe sentada esperando.

No colégio era um ótimo aluno, nunca incomodava na sala de aula, também nunca prestava atenção em nada, estava sempre sonhando acordado. Mas conseguiu entrar na universidade, formou-se e conseguiu emprego logo depois de formado. Ele tinha boa memória, mas esquecia sempre de fazer algo, passou várias vezes perigo de vida por andar em plantas industriais totalmente desatento. Sua vida em família não era diferente, esquecia que tinha de buscar os filhos, uma vez deixou a filha para uma apresentação de balé, no teatro errado lógico, isso que só tinha dois na cidade, imagina se tivesse mais. Datas de aniversários e coisas assim nem pensar em lembrar, esquecia até da própria.

Uma vez teve que dar a notícia da morte de uma tia da família, com sua sutileza para dar notícias, quase matou outra tia que teve que ser internada com a forma que Paulo falara. Após o incidente da outra tia que quase morreu também, ninguém pedia mais para ele dar notícia alguma deste tipo para outras pessoas.

Dirigindo carro era um verdadeiro perigo, não era de correr muito mas cruzava na frente de ônibus e caminhão sem nem olhar para o lado. Difícil imaginar que o casamento não durou para sempre, depois da separação ele fez o que todos ex-maridos fazem, caiu na gandaia. Foi um verdadeiro fiasco, trocava o nome das namoradas, invertia situações ocorridas com as pessoas, sim porque desligado como era e namorando várias ao mesmo tempo, tinha que dar confusão mesmo.

Depois de um certo tempo, trocou de emprego e cidade, foi morar no Rio de Janeiro, no início foi um pouco difícil pois além de desligado não tinha nenhum senso de direção, ou seja, vivia perdido na cidade, cruzando favela à noite, costumava também retirar dinheiro em caixas eletrônicos à noite, em lugares afastados e com pessoas suspeitas na volta. Não costumava prestar atenção em sinais também, para ele vermelho, amarelo ou verde era tudo a mesma coisa. Ninguém conseguia entender como nunca havia batido o carro na vida, bem … bateu uma vez, sozinho, estava andando de carro na praia com a namorada quando caiu em um buraco, quase que sua vida sexual, pelo menos ativamente falando, acabara, mas mais uma vez saíra ileso.

Na cidade grande chocou seu condomínio quando esquecera a chave de casa no serviço, e saltou da sacada do vizinho para o seu apartamento, o detalhe era que ele morava no vigésimo primeiro andar. Mas ele não dava bola, afinal nunca acontecia nada com ele mesmo.

E Paulo assim viveu até longa idade, safando-se se sabe lá como de todos os acidentes que quase aconteciam, até que um dia bem velhinho, na cama recebeu a visita de um senhor que se chamava Jack, que lhe falou que seu tempo de vida acabara, e que teria que seguir com ele para outra jornada.

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Quando Paulo e Jack chegaram a seu destino, encontraram um anjo todo quebrado, cheio de hematomas, pontos, curativos e manco. Jack fez as apresentações, aquele era Ezael, o anjo da guarda de Paulo, e quando este foi cumprimentar seu anjo pelo excelente trabalho feito aconteceu uma cena de violência explícita nunca jamais vista antes, nem na Terra, nem no Céu.

Ezael começou a cobrir Paulo de tanta porrada, e gritava, esta pelos caminhões que tive que segurar para não passarem por cima de ti, quebrei várias vezes a perna e fiquei manco, e toma porrada, e esta é pelos saques em caixas eletrônicos na madrugada cheio de ladrões na volta, levei várias surras e quatro tiros por tua causa, e toma porrada, a clavícula que eu quebrei foi quando tu esqueceu a chave no serviço e pulou da sacada do vizinho para a tua para entrar em casa, cai do vigésimo primeiro andar, filho da puta, e toma porrada em cima, e a última, seu grande merda, é porque desde o acidente na praia com a tua namorada não consigo mais nem urinar direito da mordida que levei por tua causa, e tome mais porrada.

Jack tinha a obrigação de intervir aquela cena, mas ele esboçava apenas um leve sorriso sarcástico no canto da boca, pensando que Paulo merecia aquelas porradas e muito mais, afinal Ezael foi o único anjo da guarda que desenvolvera hipertensão em toda a eternidade.
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