ACORDEI DE UM PESADELO.
REPENTINAMENTE, ACORDEI SUADA.
DESPERTEI DO SONO PROFUNDO
NA CERTEZA DE QUE TODAS AS LETRAS
HAVIAM DESAPARECIDO.
TODOS OS MEUS ESCRITOS,
MEUS PENSAMENTOS,
MINHAS POESIAS,
TODOS OS SEUS ESCRITOS
SEUS PENSAMENTOS
SUAS POESIAS,
TUDO HAVIA SIMPLESMENTE DESAPARECIDO.
MEUS DESEJOS MAIS SECRETOS
E MAS EXPOSTOS,
TEUS DESEJOS MAIS SECRETOS
E TÃO EXPOSTOS.
NOSSAS LINHAS,
NOSSAS ENTRELINHAS.
TODAS AS LINHAS,
DE TODOS OS ESCRITORES EXISTENTES,
PASSADO, PRESENTE,
TODOS OS PONTOS, VÍRGULAS,
RETICÊNCIAS, QUE TANTO QUERIAM DIZER.
O MUNDO PERDERiA O SENTIDO,
NÃO HAVERIA MAIS TRATADOS, LEIS,
ENSINAMENTOS PASSADOS DE GERAÇÃO
EM GERAÇÃO. NÃO HAVERIA PASSADO.
TUDO FICARIA A CARGO DA MEMÓRIA,
ENQUANTO EXISTISSE,
E CADA MOMENTO PERDIDO, SERIA COMO ÁGUA NA PALMA DA MÃO,
QUE POR MAIS VEDADA QUE ESTEJA, SE VAI.
OS CONTOS, SERIAM CONTADOS, E EM CADA CONTO,
UM PONTO SE ACRESCENTARIA, E NADA MAIS SERIA
IGUAL.
O CHAPEUZINHO VERMELHO EM POUCO TEMPO MUDARIA
DE COR, A CRITÉRIO DO GOSTO E DA VISÃO DE CADA UM.
ROMEU E JULIETA, AO INVÉS DE AMANTES APAIXONADOS
PASSARIAM A COLEGAS DE ESCOLA, QUE ESTABELECERAM APENAS
RELAÇÕES COMERCIAIS MAL SUCEDIDAS, POIS O FINAL TRÁGICO,
ESSE CERTAMENTE PERMANECERIA EM FUNÇÃO DO GOSTO AMARGO POR
TRAGÉDIAS, QUE HABITA EM CADA UM DE NÓS.
E POR AÍ, AS COISAS IRIAM, CADA VEZ MAIS PERDIDAS EM SUA ESSÊNCIA,
EM FUNÇÃO DA FALTA DE REGISTROS.
DEPOIS DE ACORDAR, E PENSAR UM POUCO SOBRE O ASSUNTO,
LEMBREI QUE MESMO QUE TUDO FOSSE PERDIDO
HAVERIA UM RECOMEÇO. VOLTARÍAMOS A DESENHAR NA PEDRA
E DEPOIS EM PAPIROS E DEPOIS EM PAPEL, E DEPOIS COMPUTADORES
E TUDO VOLTARIA A SER COMO HOJE.
PAREI PRA PENSAR UM POUCO E ACREDITO QUE
TUDO ISSO, NÃO MUDARIA O QUE SINTO.
MESMO SEM POESIA, MEU AMOR SERIA O MESMO,
MESMO SEM AS LETRAS, TE DESENHARIA EM MEUS PENSAMENTOS,
COMO JÁ O FIZ NO PAPEL.
DEPOIS DISSO, ME SENTI CALMA, COMO SE UMA NUVEM DE TRANQUILIDADE
ME COBRISSE COMO UM COBERTOR,
E VOLTEI A DORMIR,
CERTA DOS MEUS SENTIMENTOS,
CERTA DO MEU AMOR,
ACIMA DE TODAS AS COISAS EM VOLTA.

VALENTINA FRAGA