Quando morre um artista os poetas dizem que o céu ficou melhor ou coisa parecida. Não sei se é isso mesmo. Num mundo preocupado em ganhar valores monetários a arte é o que permite um ar melhor. No caso, a morte de um artista deixaria o ar mais pesado, já que a oxigenação dos valores capitais são inadequados para o que se conceitua de bem-estar.
Fiquei triste ao saber da morte de Benvindo Pereira lendo o Diário da Amazônia do dia 23 de outubro de 2003.
Conhecia o compositor e há questão de três semanas enxerguei-o de relance, num ponto de ônibus da avenida Sete de Setembro. Estava com um dos filho aguardando o coletivo.
Magro, não tinha certamente muitas energias para enfrentar a doença que o levou, com falência múltipla dos órgãos. Tomo a liberdade de reproduzir o comentário de Zé Katraca(Sílvio Santos) sobre o artista.
"Aderson Benvindo Pereira nasceu no dia 29 de janeiro de 1949, filho de Antônio Daniel Pereira (falecido) e Ana Benvinda Pereira. O compositor se destacou no meio artístico de Rondônia através de suas composições, inclusive, pode ser considerado como dos primeiros rondonienses a terem músicas gravadas por um grande artista, no caso, o cantor Tom Zé de quem Benvindo foi parceiro.
Dentre tantas composições, Benvindo é o autor da música tema da Banda do Vai Quem Quer no ano de 1.996 "Maria Louca - Estrada de Ferro Madeira Mamoré", também é autor da música "A Ferrovia de Deus" que fala da EFMM na época do lançamento dessa música o compositor declarou que: "Resolvi escrever a letra dessa música em virtude de sempre ouvir dizer que a Madeira Mamoré é a Ferrovia do Diabo quando na realidade ela é a Ferrovia de Deus, pois ajudou e ajuda na sobrevivência de muita gente".
O último trabalho de Benvindo na área de gravação musical, foi o CD "Aurora de Aquário" com 12 músicas voltadas para a reflexão. "Estas músicas de preferência, devem ser ouvidas em ambiente de pleno silêncio para que a pessoa se concentre na mensagem que procuramos passar através das letras e das melodias", declarou o cantor".
Dizem que quem opta pela arte no mundo em que vivemos é um pouco inocente. Foi lá no Cemitério dos Inocentes que Benvindo foi sepultado.
Lembro do entusiasmo de Benvindo com a arte musical. Conversei com ele poucas vezes. Na última falamos sobre um trabalho de Geraldo Vandré que foi lançado a baixo custo por uma gravadora. Benvindo estava pensando em adquirir aquele e outros trabalhos, sempre musicando.
A letra da vida às vezes é bela, às vezes é triste. Quem sabe definir isto? O certo é que Benvindo viveu seus últimos dias buscando a arte na arte da vida. Uma letra paira no ar. O artista deixou letras em busca de paz.