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Cartas-->Em resposta a um assédio amoroso -- 30/01/2002 - 09:35 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vejo em teus olhos mais do que a ingenuidade do amor, que a muitos escapa num primeiro instante, quando apenas a imediata impressão, o julgamento meramente exterior de uma mulher, parecem ser a essência de tudo o que importa quando se encontra um homem enamorado.

Não admito ser enganado por teus olhos...nem pelos meus. Eles estão, sim, impactados pela inocência que presumiram existir no teu silêncio tímido, no toque macio de tuas mãos, nas palavras temperadas com néctar, quase sussurradas. Ainda me ajuda nessa luta uma avassaladora dúvida sobre se uma mulher bela e calma como tu pode alimentar qualquer desejo por um homem rude, de gestos pouco gentis, palavras ásperas, olhar do qual se afasta o carinho, dando lugar à lascívia contida, e feio sobretudo, como eu.

Passam os dias e o que vejo é o reflexo da luz nos teus olhos... O que ouço são tuas palavras querendo abrigo; o que sinto é o cheiro irresistível que exala do teu corpo inteiro. Quero fugir de ti! Quero te esquecer! Foge de mim, mulher! Não digas ao leão: “despreza a deliciosa carne de tua presa...” É da natureza dessa fera, mulher, sentir prazer ao penetrar seus dentes na macia carne das vítimas indefesas. Como podes te fazer minha presa, chamando-me pro teu colo, e depois fugir de mim? Antes disso, fujo eu, contrariando minha própria natureza.

Não posso alimentar esse desejo. Meus limites sugerem prudência. É muito grande o mal que pode esse teu amor me causar; bem maior até que todas as alegrias ou mesmo uma presumida felicidade. Aliás, estou seriamente propenso a admitir que é impossível ao coração se cercar de dois sentimentos de igual natureza e força, sendo distintos seu objeto, querendo um sobrepor-se ao outro, permanecendo o conflito latente até que a desgraça da infidelidade elimine um, dando vitória ao outro. Nesse caso, como poderei saber que o sentimento vencedor é verdadeiro e que o suprimido era falso, se tanta alegria me forneceu? Não somente a mim como também àquela que comigo o compartilhou?

É o meu coração um templo, mulher, no qual apenas uma divindade pode ser adorada. Não posso servir a dois senhores, não posso amar honestamente em duplicidade. Ou mato em mim um dos sentimentos, ou morro por não poder tê-los a um só tempo. Serei fiel ao que já firmei. Não abandonarei a mulher que me nutriu de afetos, fez-me sonhar com o céu, fez-me sorrir como nunca antes, levou-me a fontes de prazeres indescritíveis; ela sim pode requerer a posse do meu coração. Ela tem méritos que perdurarão até que eu morra, posto que comigo morrerá o amor que lhe jurei dar pelo resto dos meus dias.

Adeus, doce e bela mulher. Busca te entregar a quem tem fome; procura um coração vazio e nele entra. Não posso te amar. Não posso te dar o que não possuo. O que era meu já foi ofertado à mulher que me quis amar. Não posso desprezá-la, por isso rejeito o que me queres dar.
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