FAROFINO, MEU CHEIRADOR
Meu cheirador é muito eficiente e isto acarreta algumas complicações.
Já contei que detesto cheiro de leite fervido e que não suportava aquelas bolotinhas que a cabra da dona Benedita deixava no quintal. Nas férias - lá na fazenda - quando ia ao curral, argh!
Meu cachorro Brown, um labrador marron, adora fazer uns brioches bem pertinho de casa. Fico louca da vida.
Se alguém cortar pepino na cozinha, sinto de longe. Passar pelas barracas de peixe na feira é um suplício pra mim. Andar num carro borrifado de bom-ar também.
Tampouco me agradam os perfumes fortes. Nem que sejam franceses, dos bons. Não gosto de ficar perto de quem usa desodorante muito perfumado, nem de quem não usa nada e tem cheiro de suor, claro.
Tênis de moleque... vixi! Tem coisa mais fedida? Só queijo camembert, que, apesar disso, é gostoso pra caramba e caro pra chuchu. Ou xuxu?... Chuchu, com cêagá, podes crer. Com chis é a Xuxa. Aliás, chuchu não tem cheiro de nada. Mas laranja tem, limão tem, banana tem, até bem gostosinhos. Já pegaram a casca do limão pra cheirar? É bom... Só não pode é pôr na boca, machuca.
Rodelas de abacaxi também cheiram bem. Goiabas, mangas, melancia, pêssegos, pitangas... e caju, então? Que delícia!
Tem uma “fruta” – que na verdade é leguminosa – sabem como é? É verde, vem numa vagem e cheira chulé.
Beatriz Cruz
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