65 usuários online |
| |
|
Poesias-->A FRIEZA DO PRÓPIO PARA -- 14/12/2001 - 08:12 (Luis Salinas) |
|
|
| |
Minha avó usava latrinas velhas
e bidês para cultivar poesia.
Lá viviam: violetas, copos-de-leite,
memórias e seus grilos,
alem de sorrisos de um uso passado,
contrastando com um desuso presente.
Essa poesia viveu pouco
na casa e nos olhos
de minha avó.
Mas vive infinita na memória
que dela tenho.
Do fim dessa poesia
começou em mim um medo:
Ter dinheiro sobrando.
(isso é próprio para despoesia de coisas e pessoas)
Quando minha avó teve esse azar
de ganhar um pouco para perder de um tudo,
trocou suas latrinas por vasos padrão
e seus cultivos por artificiosas belezas,
que nada deviam a doçuras.
Em fim, trocou sua poesia criadora
pela frieza do "próprio para".
|
|