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Cronicas-->Caverna Venosa -- 07/01/2017 - 00:12 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




(Imagem 1: Internet)




O sono não vem. O homem rola a tela do computador, escreve alguma coisa, depois corre para o celular e vasculha o WhatsApp, procurando em algum lugar o sorriso que perdeu. O livro sumiu. Como reencontrar um tesouro perdido nas Ilhas de Salomão? O cérebro é uma caverna venosa, como teia de aranha numa gruta nunca penetrada por exploradores. Nele há uma biblioteca enorme de todas as páginas folheadas durante sua existência, algumas cobertas de cinzas, por falta de manuseio. 
— Sequer entendes por que uma concha reproduz o som do mar, e queres entender o cérebro humano? É mais fácil entender o que pensa uma pedra, que decifrar o barulho da maré, guardado numa concha abandonada.
— É só impressão, Bobinho! A concha não reproduz o som do mar. Ela apenas concentra os sons, produzidos em seu derredor como a reverberação do eco numa caverna.
Sentiu-se um caranguejo ermitão arrastando nas costas a casa alheia. Não descansa. Caminha na orla, nas dobras do mar numa luta vã contra o rochedo, busca o amor arrastado pela correnteza, mas com certeza, seu segredo é o medo de libertar o gênio aprisionado na praia de uma ilha. Mas não há ilha. O mar cobriu toda a areia de sua esperança. A fantasia foge, tocada pelo vento de suas lembranças. Está só. Corre para o computador, depois mexe no celular. Aparece no Whats uma parenta, insinuando ter encontrado uma maneira de ficar rica: comprar um hospital psiquiátrico para internar a família. Mas ela mesma esteve mergulhada no calundu por mais de uma semana. Em fim, o sorriso chega cauteloso, escondendo uma lágrima. Postaram no grupo da família a foto de uma idosa caída. As tribulações aparecem registradas nos diálogos aflitivos:
— Bata à porta, Yasmin, para ver se ela está viva!...
— Ela estava bem aqui me vendo escovar os dentes, agorinha. Conversando.
— E agora, você está vendo ela?
Vivian e Tânia acham que não é nada de mais. Na foto, a tia está em pé. Deve ter feito a imagem, sem querer. Está aprendendo ‘mexer’ no whats. 
—Tirou a foto dos pés ou caiu da escada? Ela disse que perguntou às pernas, e à cabeça, se poderia com 84 anos subir na laje por uma escada externa.
Alaíde tremeu e amarelou. 
— Há uma idade em que não devemos obedecer nem às pernas, nem à cabeça, porque elas há muito, não nos obedecem.
Cai uma chuva amena de informações, e os rostos antes aflitos, voltam a sorrir.
— Neozinha fez uma imagem dos pés e enviou, sem querer.Sendo assim, fico mais tranquila.
— Também acordada, Tânia?
— Estou por aqui, tio. Meu pequeno ainda acorda uma vez na madrugada, sempre por esse horário... Que pena a perda do seu livro... Com certeza, um tesouro!!! Não seria bom ouvir uma segunda opinião? Meu computador sofreu pane, perda total e consegui recuperar fotos (minhas preciosidades).
— Creio que Deus pode usar como canal da graça uma personagem que diz ser capaz de regurgitar tudo que leu. Há muitos e-mails trocados com Ravenala, contendo anexos do livro, embora defasados pelas alterações sofridas no decorrer de meses de enxugamento.
— Confira a lixeira!
— Não é tão difícil assim. Não está na lixeira.
Logo Robert encontrou o arquivo salvo como: ‘Livro em construção, acrescido dos dizeres: ‘não presta’. Examinou cuidadosamente o achado. Não prestava mesmo! De tanto lapidar a pedra bruta, pouco restava do que tinha antes. 



Adalberto Lima, trecho de Estrada sem fim...

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