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Cartas-->Para João Ferreira -- 26/04/2009 - 16:24 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Taubaté, 26 de abril de 2009


Prezado João


A partir de um assunto tão corriqueiro, você escreveu uma bela carta filosófica, João. Quase um tratado sobre a loucura... E além de tudo erudita, lembrando a Casa Verde de Itaguaí, de Machado de Assis.

Sobre o trânsito, sempre temos do que reclamar. Parece que as pessoas quando estão ao volante se transformam. Liberam seu lado “poderoso”, sentem-se donos da rua, donos do mundo. Saiam da frente que vem gente! Só eu sei “costurar”! Estou com pressa, palerma! ... E por aí vão, fazendo loucuras, atropelando todo mundo. Se estiverem na estrada, ultrapassarão pela direita, no acostamento, é claro!

Liberam também o lado animalesco. Quantos distintos senhores, em terno e gravata, depois de buzinar, buzinar e mais buzinar, ultrapassam, põe a cara para fora e gritam palavrões. Seja para outro homem, para um rapaz, uma senhora ou uma jovenzinha...

Sabemos todos que os homens adoram as mulheres, mas no trânsito... não têm dó nem piedade. Tornam-se inimigos. “Vá cuidar das panelas, dona Maria!”, “O feijão está queimando...” Nem se lembram de que as donas-marias não só fazem bem o feijão e cuidam das panelas, como podem também dirigir corretamente. E com muito, muito mais prudência. Nesse quesito os motoristas de táxi são os mais inflamados. Há tempos percebi o porquê. Acham que sua superioridade está em guiar. E sabem que as mulheres que circulam em seus próprios carros nunca, nunquinha, lhes darão bola.

Quando jovem, eu me irritava com esse comportamento agressivo e esbravejava também. Depois, passei a me controlar e até inventei um meio de me vingar. Conduzindo com crianças a bordo, nas idas e vindas das lidas da vida, comecei a fazer gestos de tchauzinho e de jogar beijinhos a todos que me infernizavam. Nunca consegui saber o exato resultado, mas percebia que ficavam sem jeito, meio desconcertados.

Um dia, na avenida 23 de Maio em SP, um carro queria passagem, o que não era possível no momento. Inconformado, o motorista acelerou, tirou uma fina, quase bateu, ultrapassou gesticulando e se foi. Eu nem tive tempo de piscar. No dia seguinte, descobri o autor da façanha. Meu diretor! Ao me ver estacionar na porta do colégio, deve ter se dado conta do vexame e veio, morto de vergonha, pedir desculpas. Quem te vê e quem te viu, pensei com meus botões...

Hoje, na cidade em que vivo, estou livre desses problemas. Excepcionalmente, os motoristas daqui são respeitosos. Até os motoqueiros. Ninguém buzina quando o sinal fica verde. Todo mundo dá passagem nas inúmeras rotatórias. E se não o fizer, já sabemos, trata-se de alguém de fora: de São Paulo, São José dos Campos, Pindamonhangaba...

Que tem dado dor de cabeça, tanto a motoristas como aos pedestres, são os ciclistas. Esses, loucos de pedra!

Será que devemos mandá-los também para a Casa Verde de Itaguaí?


Abraços
Beatriz Cruz

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