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Cronicas-->Lendas Amazónicas -- 19/01/2017 - 07:40 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lendas Amazónicas

Aroldo Arão de Medeiros

Faço as unhas duas vezes por mês. Não sou metrossexual, talvez alguns centímetros. A manicure, Josiane, que trata de minhas mãos e pés, é baré. Num desses encontros, e em nosso cerca-lourenço ela me perguntou se conhecia a palavra pavulagem? Por comparação, deduzi que poderia vir do mavioso pavão. Respondi que deveria ser uma pessoa gabola, prosa, convencida. Não é que acertei. O significado dessa palavra amazonense, ou brasileira, é empáfia, abestalhamento, orgulho besta. Até agora, nesta crónica, já é terceira palavra diferente daquelas usadas no Sul do Brasil. Resolvi então escrever algo sobre o Amazonas. Josiane sugeriu contar sobre as lendas amazonenses, já que a Festa de Parintins, sua cidade natal, é conhecida do grande público brasileiro. Quando ela ainda vivia lá, participava do Currais do Boi, ensaios anteriores ao festival. Era também brincante. Contou-me algumas lendas e escolhi duas das dezenas existentes e que são menos conhecidas aqui em nossa terrinha.
É uma homenagem que faço a ela e a uma prima paulista que morou em Manaus por uns três anos.
Há muitos anos, moravam na selva amazónica dois noivos apaixonados que sonhavam ficarem encangados, formando um belo casal. Ela vestia-se de prata e seu nome era Lua. Ele, de ouro e o seu nome era Sol. Lua, como se fosse acreana, era a dona da noite e Sol, dando o bolo em catita, era dono do dia.
Havia um obstáculo para o namoro. Se eles se casassem, o mundo acabaria. O ardente amor de Sol queimaria a Terra toda. O choro triste da Lua, toda a Terra afogaria. Ela não poderia, inclusive, descansar.
Apesar de apaixonados e do trisca, como poderiam se casar? A Lua apagaria o fogo? O Sol faria toda a água evaporar? Embora o amor fosse intenso, se separaram e nunca puderam se casar. E aos noivos restou a tristeza.
No desespero da saudade, a Lua chorou durante todo um dia e uma noite. Suas lágrimas escorreram por morros sem fim até chegar ao mar. Mas o oceano, bravio, não queria aceitar tanta água. A sofrida Lua não conseguiu misturar suas lágrimas às águas salgadas do mar e foi assim que algo estranho aconteceu.
Éraste, maninho! As águas formadas com as lágrimas da Lua escavaram imenso vale, onde também muitas serras se levantaram. Tristes, comeram abiu.
De com borra, imenso rio apareceu inundando vales, florestas e lugares sem fim. Eram as lágrimas da Lua que, como se fosse uma cunhã, com tanta tristeza, formaram o rio Amazonas, o rio-mar da Amazónia.
Os caboclos contam que dentro da floresta, vive o Mapinguari, um gigante peludo com um olho na testa e a boca no umbigo. Para uns, é bem maior que o guariba, e é realmente coberto de pelos, porém usa uma armadura feita do casco da tartaruga, para outros, a sua pele é igual ao couro de jacaré.
Há quem diga que seus pés tem o formato de uma mão de pilão. Este um emite um grito semelhante ao grito dado pelos caçadores. Se alguém responder, ele logo vai ao encontro do desavisado, que acaba perdendo a vida.
A criatura, tem uma inhaca, é feroz e não teme nem caçador, porque é capaz de dilatar o aço quando sopra no cano da espingarda. Os ribeirinhos amazónicos contam muitas histórias de grandes combates entre o Mapinguari, folós e valentes caçadores. Quando ele passa, a festa dos kamirangas está feita.
O Mapinguari sempre manga dos caçadores que conseguem sobreviver, muitas vezes ficam aleijados ou com terríveis marcas no corpo para o resto de suas vidas. Há quem diga que o Mapinguari só anda pelas florestas de dia, guardando a noite para dormir.
Quando anda pela mata, de preferência em dias librinosos, vai gritando, esbandalhando galhos e derrubando árvores, deixando um rastro de destruição. Outros contam que ele só aparece nos dias santos ou feriados.
Os farofeiros dizem que ele só foge quando vê um bicho-preguiça. O que ninguém explica é porque ele tem medo justamente do seu parente, já que é considerado um bicho-preguiça pré-histórico.
Josiane é graduada no curso superior de enfermagem. Trabalha como manicure e sente-se muito bem. Não vai exercer a função em que se formou por escolha do melhor para ela. Sandra não quer jamais voltar para Manaus. Prefere a vida turbulenta, cheia de perigos que São Paulo oferece.
Os dois casos não são lendas. É o brasileiro com a escolha que lhe parece melhor nesse Brasil cheio de controvérsias.
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