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Cronicas-->Os Pirilampos -- 16/06/2001 - 21:33 (Juraci de Oliveira Chaves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Os Pirilampos

De Juraci de Oliveira Chaves

Dona Pirilampo sobe as escadas de sua residência com os braços cheios de sacolas repletas de presentes. Arrumaria, no cantinho do apartamento, uma enorme árvore de natal. Os enfeites, seriam bombons embrulhados em forma de presentes, amarrados com laços de fitas de cetim. Colocaria argolas douradas, de festão, em volta da árvore. No chão, desenharia, com balas e serragens coloridas, uma floresta que deveria esconder alguns presentes, até o dia do natal. Outros brinquedos , deveriam ser escondidos por todos lugares difíceis, para serem procurados durante a semana antes do Natal. A condição para não perder o achado era não desarrumar nada das gavetas ou depósitos. Seria oferecido um mapa às crianças, para facilitar a procura dos presentes.
A ceia, à meia noite, com toda família reunida. A cascata de fogos coloridos, preparada pelo técnico, exibida também neste horário.
Dona Pirilampo gastou uma nota com esta cascata, para ser exibida em poucos minutos, no terraço do seu apartamento. Encheu a carroceria do saveiro, de brinquedos e levou para muitas crianças pobres da creche, ao lado. Mas, e as outras crianças? Será que valia a pena gastar tanto, enquanto outros não têm o pão de cada a dia? Natal para uns e tristezas para outros? Acredito que Natal, deveria ser todos os dias e para todos.
Hoje, o sentido de Natal, é puramente comercial. O clima de compras, aumentado com a publicidade desenfreada, provoca uma correria a procura de promoções fazendo as pessoas gastarem mais do que desejam. O comércio explora o máximo, nas propagandas sem pensar nas possibilidades das pessoas. É a época em que os pais ficam depressivos por não terem um emprego decente para atender as necessidades básicas de sua família. Tudo bem que cada um compra o que pode; mas, o que não é visto não é desejado...
As mensagens natalinas deveriam girar em torno de trechos que transmitissem a paz, o amor, a solidariedade ,sem atrelar ao capital, às compras. Faz mais sentido, uma palavra de carinho ou mesmo comida para os que, sedentos, imploram por um remédio ou migalhas de pão.
A filha de dona Pirilampo, a Lara Pirilampo, ao amarrar os enfeites na árvore comentou com sua mãe:
- Não deveria existir desigualdades sociais. Você não acha mãe?
- Acho sim.Aqui na região sudeste ainda é melhor um pouquinho com exceção do vale do Jequitinhonha. Você há de ver é no nordeste! Apesar de ter melhorado com as barragens e com os poços artesianos, a fome ainda sacrifica muitos seres humanos, naquele sertão desértico. Foram distribuídos, vários postos artesianos para o pessoal mas poucos chegaram aos destinatários. No percurso, são desviados para as fazendas dos marajás e fica por isso mesmo. É Brasil!
- Mas mãe? E porque o presidente não acaba com essa pouca vergonha em nosso País?
- É... Por que não acaba?
- Não dá para entender... Com uma canetada só, trocaria os corruptos das chefias, colocaria homens honestos, que soubessem lidar com a coisa publica, e em pouco tempo, a miséria deste pais estava reduzida a zero. O Brasil é grande e rico. Basta explorá-lo honestamente.
Dona Pirilampo ficou boquiaberta com a sabedoria da filha. Tão nova e já martelando tantos grilos na cabeça...
Terminaram a decoração da sala e foram ajudar a secretária nos comes e bebes. Gostavam de fazer tudo com antecedência.
Havia recebido notícias de que duas famílias residentes em São Paulo, estariam presentes na ceia. Será uma festa! Não encontravam estes primos desde 1990...


Pirapora dezembro 2000
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